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Veja como foi a semana na política

Período é marcado por forte especulação com nomes de eventuais substitutos de Temer, Forças Armadas nas ruas, passeatas, protesto e pedido de impeachment

Por Bianca Soares e Natália Oliveira
Atualização:

Na semana em que o governo autorizou o uso das Forças Armadas pela Garantia da Lei e da Ordem na Esplanada dos Ministérios, durante as manifestações contra as reformas trabalhista e da Previdência, na quarta-feira, 24, uma sucessão de fatos agitou o vida política do País. Confira a seguir um resumo dos acontecimentos mais relevantes dos últimos dias.

Se Temer cair, quem entra? A fragilidade do presidente  Michel Temer abriu espaço, durante toda semana, para especulações de nomes que poderiam substituí-lo em caso de eleição indireta. Levantamento feito pelo Estado e pelo Broadcast, o serviço de notícia em tempo real da Agência Estado, mostra o ranking dos mais cotados para o cargo. Empatados na primeira colocação estão o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) e o ex-ministro da Justiça e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Nelson Jobim (PMDB). No segundo lugar, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ); em terceiro, o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), os ministros do  Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e Cármen Lúcia e o jurista Modesto Carvalhosa completam, respectivamente, a lista.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, fala com a imprensa Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

PF procura Temer para marcar depoimento  A Polícia Federal procurou o advogado do presidente Michel Temer, na quarta-feira, 24, para marcar depoimento no inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a delação da JBS. A defesa classificou a intimação como “provocação política” e pediu que o peemedebista só seja ouvido após a conclusão da perícia nos áudios gravados pelo sócio da empresa, Joesley Batista. Além disso, solicita que o depoimento seja feito na presença do ministro Edson Fachin, relator do caso. Pesquisadores ouvidos pelo Estado estão em consenso sobre a legitimidade da convocação da PF.

O presidente Michel Temer, implicado na delação de Joesley Batista, da empresa JBS 

35 mil pessoas em protesto em Brasília A quarta-feira, 24, foi marcada por protestos em várias cidades do Brasil. Em Brasília, 35 mil manifestantes foram à Esplanada dos Ministérios para pedir a saída do presidente Temer e contra as reformas trabalhista e da Previdência. O movimento foi intitulado “Ocupa Brasília” e o início da manifestação foi pacífico. Por volta das 14h, um grupo de mascarados começou a jogar garrafas de plástico e pedaços de madeira em direção aos policiais que faziam o bloqueio de uma área próxima ao Congresso Nacional. A PM reagiu iniciando um confronto generalizado, que culminou com um incêndio provocado por mascarados no Ministério da Agricultura. A ONU condenou o uso excessivo da força da PM. O combate teve 49 feridos e sete detidos. Um manifestante atingido por de arma de fogo segue em estado grave.

Cerca de 35 mil Manifestantes marcharam em Brasília, na quarta-feira, 24, contra as reformas trabalhista e da Previdência e pela saída do presidente Michel Temer 

Decreto de Temer levou Forças Armadas às ruas de Brasília O presidente Michel Temer convocou as Forças Armadas para tentar conter o confronto entre manifestantes e policiais em Brasília. Mesmo sendo uma medida prevista na Constituição, pelo decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), a medida foi muito criticada por juristas e pela oposição. A GLO pode ser usada quando há um esgotamento de todos os demais recursos, quando há ameaça à integridade da população ou ao funcionamento das instituições. Para o Planalto, a PM do Distrito Federal 'não conseguiu conter protestos'. O ministro do Supremo Marco Aurélio Mello demonstrou preocupação com a decisão do presidente. Na última quinta-feira, Temer revogou o decreto, previsto para durar até dia 31 de maio, alegando que os atos de depredação e violência tinham cessado.

Manifestantes protestam contra as reformas trabalhista e da Previdência em Brasília, na quarta; eles também pedem a saída do presidente Michel Temer 

Servidores protestam em frente à Alerj No Rio de Janeiro, servidores públicos protestaram em frente à Alerj contra projeto que aumenta a contribuição à previdência de 11% para 14%. Houve confronto. PMs tentaram dispersar os manifestantes com bombas de gás e balas de borracha. Mascarados revidaram com paus, pedras e rojões. Carros oficiais de cinco deputados foram depredados. Quem passava pela região buscou abrigo estabelecimentos comerciais. Por fim, o governo conseguiu aprovar com folga a elevação da contribuição previdenciária dos servidores.

O Movimento Unificado dos Servidores do Estado realizou ato em frente à Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) na tarde de quarta-feira, 24, no centro do Rio; a manifestação aconteceu durante a votação do projeto de lei que eleva a contribuição previdenciária dos servidores públicos, uma das medidas de ajuste proposta pelo governo de Luiz Fernando Pezão 

OAB pede impeachment de Temer  A Ordem dos Advogados do Brasil pediu na quinta-feira, 25, a saída de Michel Temer da Presidência da República. A instituição protocolou o pedido de impeachment na Câmara dos Deputados. Para OAB, Temer teria cometido crime de responsabilidade ao omitir das autoridades uma série de crimes confessados por Joesley Batista, dono da JBS, em encontro com ele no Palácio do Jaburu. O presidente da OAB, Claudio Lamachia, disse que se o presidente sabia que Joesley era um 'fanfarrão' e 'delinquente', não deveria ter recebido o executivo. O pedido de impeachment da OAB é o 14° apresentado à Câmara. A instituição quer Temer fora da vida pública por oito anos.

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Claudio Lamachia entregou o primeiro pedido de Impeachment contra Michel Temer à Câmara em25 de maio Foto: Dida Sampaio/Estadão

'Não fiz dinheiro na vida pública’, diz Aécio Neves O senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) fez, por meio de um vídeo na internet, sua primeira aparição pública depois de ter sido fortemente atingido pela delação de Joesley Batista, da JBS. Em uma fala de quatro minutos divulgada na terça-feira, 23,  o tucano afirmou que recorreu ao empresário da JBS para vender um apartamento de sua família no Rio de Janeiro porque "não fez dinheiro na vida pública". Assista aqui ao vídeo.

O senador afastado Aecio Neves (PSDB MG), acusado pelo empresário Joesley Batista, da JBS, de receber propina 

Maluf é condenado A semana ainda estava morna quando a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou, na terça-feira, 23, o deputado federal Paulo Maluf (PP-SP). Ele foi condenado à prisão em regime fechado com perda do mandato na Câmara por lavagem de dinheiro. Maluf é acusado de movimentar US$ 15 milhões entre 1998 e 2006 em contas na ilha de Jersey, paraíso fiscal localizado no Canal da Mancha. A pena é de 7 anos, 9 meses e 10 dias, e advogados do parlamentar dizem que vão recorrer.

O deputado Paulo Maluf (PP-SP), condenado pelo STF à prisão em regime fechado e à perda do mandato na Câmara por lavagem de dinheiro. 

PSDB sendo PSDB Após encontro com com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), afirmou na quinta, 25, que o partido vai esperar o julgamento de Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para decidir se mantém-se na base aliada. O pedido de  cassação da chapa Dilma-Temer foi ajuizado pelo próprio PSDB logo após a eleição presidencial de 2014. O governador do Estado, Geraldo Alckmin, e o prefeito de São Paulo, João Doria, também participaram da reunião.

O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso durante entrevista ao Estado em seu escritório, em São Paulo 

PT cogita boicotar eleições indiretas Lula defendeu na quinta-feira, 25, que o PT não participe de uma eventual eleição indireta caso o presidente Michel Temer não consiga concluir o mandato. A ideia é repetir o boicote feito em ao colégio eleitoral de 1985, quando o partido se absteve de votar a disputa entre Paulo Maluf e Tancredo Neves. Segundo a sigla, não há um nome de consenso. Na semana passada,  Lula havia se reunido com lideranças do partido para discutir os cenário para sucessão. De acordo com participantes da conversa, a cúpula petista concluiu que a cassação da chapa Dilma-Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), cujo julgamento está marcado para 6 de junho, é um caminho mais curto para as eleições diretas do que a renúncia ou o impeachment. Se a situação se confirmar, tanto a petista quando o presidente perdem direitos os políticos por oito anos.

O ex presidente Lula em reunido com bancadas do PT na Câmara e no Senado, em 2016 

STF pode rever termos do acordo de delação da JBS O acordo de delação premiada firmado entre a Procuradoria-Geral da República e o empresário Joesley Batista - e de mais seis executivos da JBS - pode ser reavaliado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A revisão não é consenso na Corte, mas tem sido defendida pelos ministros Marco Aurélio Mello, Alexandre de Moraes e pelo relator da Operação Lava Jato no Supremo, Edson Fachin. A principal crítica é que os benefícios negociados tornam a pena dos delatores muito branda, com anistia total dos crimes, autorização para deixar o País e multa de R$ 110 milhões para cada sócio. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, voltou a defender publicamente o acordo.

Joesley Batista,presidente da J&F, empresa que controla o frigorifico JBS, na sede da empresa em Sao Paulo. 

'Brasil não parou e não vai parar' Na quinta-feira, 25, o presidente Michel Temer publicou novo vídeo em suas redes sociais dizendo que o Brasil não parou e não vai parar. Ele afirmou que os parlamentares seguem trabalhando normalmente. Aliás, normalidade fez parte do discurso do governo durante toda esta semana. Na terça-feira, 23, os ministros Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência, e Eliseu Padilha, da Casa Civil, foram escalados para dizer que o “governo continua trabalhando” e pedir que os parlamentares continuem votando as reformas. Além disso, Temer tem se dedicado a telefonemas e reuniões com aliados para tentar conter a saída de parlamentares da base.

Planalto tenta passar normalidade para fugir da crise