Veja a íntegra do discurso de Lula em Rio Branco

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Por Agencia Estado
Atualização:

Quero, primeiro, agradecer ao Governador Jorge Viana pelo carinho, pelo bom tratamento e pela bela organização desta reunião e, sobretudo, pela bela idéia da reunião, de estarmos fazendo este encontro aqui, no Estado do Acre. Quero agradecer aos Governadores Flamarion Portela, Waldez Góes, Jorge Viana, Eduardo Braga, Ivo Gassol, que estão aqui, ao meu lado, a todos os senadores que vieram de Brasília, às senadoras, aos nossos companheiros deputados e deputadas que vieram, de vários Estados, participar deste encontro. Quero agradecer o carinho dos meus ministros, que não mediram nenhum esforço para virem aqui participar desta reunião. O que estamos fazendo aqui, hoje, é cumprir uma tarefa que nós mesmos nos propusemos. Esta reunião de hoje simboliza o fim da era em que o desenvolvimento do País era pensado a partir da tecnocracia e da burocracia de Brasília. O Brasil, embora seja um país que fala uma única língua ? no Brasil inteiro, todo mundo fala o português, do Oiapoque ao Chuí ? a verdade é que somos um país com muitas diferenças regionais, diferenças econômicas, diferenças sociais, diferenças culturais. E, muito mais grave: somos diferentes na distribuição da partilha do resultado da nossa produção. Desde a primeira vez que vim ao Acre, muito tempo, já faz 23 anos, eu descobri que não era possível pensar um modelo de desenvolvimento da região a partir de Brasília. Era preciso que nós tivéssemos a sabedoria de fazer com que os técnicos, os ministros e o governo viessem à região para ouvir dos governadores o acúmulo de experiência adquirido pelas pessoas que aqui moram, que moram em toda a região da Amazônia. E, mesmo dentro da Amazônia, um modelo de desenvolvimento não deve ser apenas um, porque há diferenças do Amapá para o Acre, do Acre para o Amazonas, do Amazonas para o Pará, do Pará para Roraima, de Roraima para Rondônia. Ou seja, é preciso a gente pensar o Brasil nacionalmente, regionalmente e setorialmente. Somente assim seremos capazes de construir um modelo de desenvolvimento que respeite a Natureza, que respeite as necessidades e as compreensões dos povos que residem numa região. Foi isso que viemos fazer aqui. Quero confessar, meus amigos governadores, ministros e, sobretudo, meu amigo Jorge Viana, Governador do Estado do Acre, que o que fizemos aqui, hoje, é o que vamos fazer por todo o território nacional. Logo, logo, teremos reuniões com os governadores do Nordeste, para discutir os problemas do Nordeste. Depois, teremos reuniões com os governadores do Centro-Oeste, para discutir os problemas do Centro-Oeste. Depois, teremos reuniões com os governadores do Sul, do Sudeste, porque queremos respeitar não só o pensamento e a diversidade cultural das regiões, como queremos levar em conta a aptidão de cada região para o seu próprio desenvolvimento. Além dos acordos firmados e dos protocolos assinados aqui por nós, temos muito mais a fazer. É importante ter isso aqui como o início de uma caminhada e o início de uma nova era na relação entre Governo Federal e os Governos Estaduais, sobretudo o Governo Federal e os Estados amazônicos. Eu dizia aos governadores que é humanamente impossível falarmos tanto em integração da América Latina, em integração da América do Sul, sem antes a gente fazer um processo de integração do nosso próprio território. E essa integração passa por garantir as mesmas oportunidades a todos os 175 milhões de brasileiros que moram no nosso território. Apenas para dar um exemplo da seriedade com que estamos tratando do assunto, termino dando um número para vocês: o FNO, que é o Fundo Constitucional para Norte do País, tem 1 bilhão e 92 milhões de reais. Nem sempre esse dinheiro é gasto e nem sempre o povo sabe para onde foi a totalidade desse dinheiro. Nós não só queremos que as pessoas acompanhem a utilização dessa quantia que, talvez, não seja o que a região da Amazônia precisa, mas é uma quantia, eu diria, importante para a região, como anunciar que o meu companheiro, Ministro Ciro Gomes, comunicou a mim e aos Governadores que já estão à disposição do BASA 227 milhões de reais para começar a financiar o desenvolvimento dessa região. Portanto, o companheiro Manso terá muito trabalho a partir de amanhã. No mais, eu quero reiterar meus agradecimentos aos governadores, quero reiterar meus agradecimentos aos senadores, senadoras, deputados, deputadas, aos nossos ministros e a vocês, da imprensa, que sempre fazem tanto sacrifício, principalmente fotógrafos, cada vez com máquinas maiores e mais pesadas, e aos companheiros cinegrafistas, que, às vezes, trabalham o dia inteiro, filmam o dia inteiro e nem sempre o que eles filmam vai ao ar. E aos jornalistas que escrevem, que nem sempre escrevem o que a gente diz, mas de qualquer forma se não fossem essas nuances não existiria a democracia no País. Muito obrigado a vocês.

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