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Vedoin diz que Abel fazia parte da máfia das ambulâncias

Em depoimento ao Conselho de Ética, o chefe da máfia das ambulâncias também inocentou quatro parlamentares que eram acusados de envolvimentos no esquema

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Por Agencia Estado
Atualização:

Em depoimento no Conselho de Ética da Câmara dos deputados, o empresário e chefe da máfia das ambulâncias, Luiz Antônio Vedoin, confirmou o envolvimento do empresário Abel Pereira na liberação de emendas de parlamentares para compra de ambulâncias no período da administração do ex-ministro Barjas Negri, hoje prefeito de Piracicaba, em 2002. Vedoin, no entanto, não listou o nome dos parlamentares beneficiados - disse não se recordar - e afirmou que nunca esteve pessoalmente com Negri. Ele também negou ter oferecido um dossiê contra o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), ao contrário do que afirmou Abel Pereira em depoimento dado à Polícia Federal em Cuiabá. O empreiteiro de Piracicaba informou que Vedoin teria lhe oferecido documentos que poderiam comprometer o senador. No depoimento, Vedoin confirmou que acertou com Pereira o pagamento de 6,5% de comissão em troca da liberação de emendas. "Acredito que o Abel tinha relação com o Barjas Negri", disse o empresário e um dos donos da Planam, principal empresa do esquema. De maneira geral, o empresário confirmou todas as denúncias feitas nos depoimentos anteriores, mas, na avaliação do presidente do Conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), isentou quatro parlamentares incluídos pela CPI dos Sanguessugas no rol dos suspeitos de envolvimento com as fraudes na compra de ambulâncias: Wellington Fagundes (PL-MT), Wellington Roberto (PL-PB), Pedro Henry (PP-MT) e Laura Carneiro (PFL-RJ). Dos quatro, Laura Carneiro não conseguiu se reeleger. "Nunca paguei um centavo à deputada", disse ele. "Não o conheço", declarou, sobre Wellington Roberto, em resposta a uma única pergunta do relator Nelson Marquezelli (PTB-SP), que deixou o plenário em seguida se dizendo satisfeito. Processos dos parlamentares Na gestão do sucessor de Negri, o petista Humberto Costa, Vedoin reafirmou que negociava com José Aírton Cirilo, eleito deputado federal pelo Ceará, e repetiu, igualmente, que nunca esteve pessoalmente com Costa. Mas se recusou a entrar em mais detalhes. Afirmou que só responderia a perguntas relacionadas a parlamentares, o propósito do depoimento. Foi o primeiro depoimento de Vedoin na Câmara dos Deputados. Seu relato servirá para embasar todos os 67 processos de cassação em tramitação no Conselho de Ética. "O depoimento foi muito útil. Vedoin confirmou o pagamento de propinas e trouxe novas informações e vários relatores já me informaram que ficaram satisfeitos", avaliou Ricardo Izar. "Confirmou tudo", disse o deputado Jairo Carneiro (PFL-BA), um dos relatores. Izar se diz confiante de que os 67 processos serão votados ainda nesta legislatura, cujos trabalhos se encerram em 22 de dezembro. Mas, na prática, avalia-se na Câmara que dificilmente haverá tempo hábil para a conclusão de todos os processos por conta dos prazos a serem cumpridos. Dos 67 sanguessugas, apenas cinco foram reeleitos e seus processos poderão ser reabertos. Nos demais casos, não havendo prazo, os processos serão arquivados. Detalhes Em seu depoimento, Vedoin confirmou o pagamento de propina a mais de duas dezenas de parlamentares, sempre em resposta às perguntas dos relatores. Inclusive nos detalhes. No caso do deputado Cabo Júlio (PL-MG), por exemplo, confirmou ter participado de uma reunião em uma chácara em Belo Horizonte com prefeitos que receberiam dinheiro das emendas. Júlio apresentou defesa afirmando que os valores eram doação de campanha. "Da minha parte, era pagamento de comissão", disse. Também confirmou ter emitido cheques em favor da campanha da deputada Celsita Pinheiro (PFL-MT) na expectativa de negócios futuros. A deputada só não recebeu porque os cheques estavam sem fundos.

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