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''Vê se eu vou assinar um recibo de caixa dois'', diz Maia

Por BRASÍLIA
Atualização:

Alvo principal da operação destinada a ressuscitar o debate sobre o suposto caixa dois de Furnas, o governador José Serra (PSDB) não quis falar sobre os documentos apresentados pelo lobista Nilton Monteiro. Serra deixou a tarefa a cargo do presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), que não poupou acusações ao PT e ao ex-ministro José Dirceu. "Essa lista de Furnas é uma fraude que já foi desfeita várias vezes e agora volta conduzida pelos mesmos que fizeram o mensalão e que não querem deixar o poder", disse Sérgio Guerra. "Isso é coisa de gente que não gosta de eleições limpas, de gente de profissão indefinida que anda pelos céus do Brasil e do exterior cuidando de operações muito maiores que aquelas dos dólares na cueca", afirmou o presidente tucano, referindo-se a Dirceu. O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), foi taxativo: "Essa assinatura não é minha". Maia nega que tenha recebido qualquer doação por meio de Dimas Toledo, ex-diretor de Furnas, e acusa Nilton Monteiro. "Esse sujeito é um pilantra que deveria estar preso", diz. "É ridículo. Vê se eu vou assinar um documento dizendo que estou recebendo dinheiro de caixa dois", ironizou o deputado. Investigado pela Polícia Federal num inquérito aberto há três anos, mas até hoje sem desfecho, o ex-diretor de Furnas Dimas Toledo nega a existência do caixa dois. Em resposta a perguntas enviadas pelo Estado, o advogado dele, Rogério Marcolini, afirmou: "A defesa de Dimas Toledo não tem conhecimento de qualquer novo documento apresentado pelo senhor Nilton Monteiro e, considerando os antecedentes e a reputação de quem os apresenta, tem motivos de sobra para duvidar de sua autenticidade". Dimas passou 35 anos em Furnas. No governo Fernando Henrique (1995-2002) e nos primeiros anos do governo Lula, comandou a maior fatia do bilionário orçamento da estatal. Durante o escândalo do mensalão, foi apontado pelo então deputado Roberto Jefferson como responsável por distribuir a políticos o dinheiro que sobrava no caixa da estatal. Acabou demitido. O lobista Nilton Monteiro diz que Dimas o contratou justamente para evitar que fosse demitido. Foi assim que Nilton diz ter obtido os polêmicos documentos sobre o caixa dois. Os papeis lhe teriam sido entregues por Dimas. A ideia, diz, era usá-los para convencer os políticos supostamente beneficiados pelo caixa dois a trabalhar pela manutenção de Dimas no cargo. "Foi assim que surgiu a lista de Furnas", diz Nilton Monteiro. A polêmica lista, que hoje é parte do inquérito aberto na PF, tem nomes de 156 políticos de diferentes partidos, supostamente beneficiados nas eleições de 2002. Ao depor na CPI dos Correios, em 2006, Dimas afirmou que a lista é "uma montagem". Acrescentou que não conhecia Nilton e que o viu pela primeira vez em um foto da revista Carta Capital.

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