Bolsonaro quer bloco de apoio na Câmara sem vincular candidato à eleição da Casa

Onyx Lorenzoni avisa a líder do PSL que governo não vai apoiar nenhuma candidatura ao comando do Legislativo; Partido deve apoiar em bloco uma 'candidatura conservadora'

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Por Marianna Holanda
Atualização:

BRASÍLIA - O governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro, informou à bancada do PSL que quer a formação de um bloco de apoio no Congresso, que não implique, necessariamente, no apoio ao nome de um candidato à Presidência da Câmara. Mesmo com discussões entre os deputados do PSL, o líder do partido na Câmara, Delegado Waldir (GO), disse, nesta sexta-feira, 28, que os 53 parlamentares da sigla do presidente eleito, Jair Bolsonaro, vão votar em bloco para a Presidência da Câmara.

Para delegado Waldir, é inevitável que a Câmara faça modificações na proposta. Foto: ANDRE DUSEK/ESTADAO

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“Estamos dialogando, é uma bancada extremamente competente capaz e como toda família tem desavenças. Imagina uma família com 53 irmãos. Em nome do PSL e da governabilidade, vamos entregar os 53 votos a um candidato da Câmara”, disse Waldir.

A ideia foi apresentada pelo futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e o deputado federal Leonardo Quintão (MDB-MG), de sua equipe na transição, em reunião com o líder do PSL na Câmara; com o candidato à presidência da Casa,João Campos  (PRB-GO); e o presidente do PRB, deputado Marcos Pereira (PRB-GO).

A estratégia de Onyx é evitar vincular o governo a um candidato específico, evitando desgastes com os demais concorrentes e algum prejuízo a imagem de Bolsonaor em caso de derrota. Os parlamentares do PSL têm dado sinais que vão apoiar Campos, mas o núcleo político do futuro governo avalia que não é interessante criar algum tipo de ruído com Rodrigo Maria (DEM-RJ), atual presidente e candidato à reeleição à Presidência da Casa.

"(Estamos) Dialogando nos termos da formação de um bloco para que a gente tenha uma forma igualitária de tratamento com todos os partidos. Sem a gente ter pré-fixado um candidato a Presidência da Câmara", disse o líder do PSL, após o encontro, que durou mais de duas horas.

A reunião abordou também a presidência da Câmara, segundo João Campos. "Naturalmente, eu reafirmei minha candidatura. Estou em ampla campanha", disse o parlamentar, tido como um dos preferidos do presidente eleito na disputa.

Mas principal pauta do encontro, disse Campos, foi o bloco de apoio. "O Onyx nos comunicou que está buscando criar um bloco, independentemente de um candidato a Presidência, um bloco que garanta governabilidade, já que o governo terá muitas matérias importantes encaminhadas ao Congresso Nacional", disse. (Marianna Holanda)

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Desavenças

As desavenças entre os deputados do PSL se tornaram notórias no início do mês, quando o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, discutiu em um grupo de WhatsApp com a deputada eleita, Joice Hasselmann. O líder do PSL minimizou o racha na legenda. Sem declarar voto, o Delegado Waldir disse que o perfil do candidato que a legenda deve apoiar é de alguém que apoie “pautas conservadoras”, como o projeto de lei Escola Sem Partido, e, principalmente, as reformas da Previdência e Tributária. Não disse, contudo, quando o governo pretende apresentar os projetos para votação.

“Essa agenda está sendo construída. Vai ser dialogando com o cidadão, para que a gente não cometa o erro cometido no governo anterior, onde perdeu-se no marketing. A gente quer trabalhar essa questão muito importante da divulgação”, afirmou. Waldir disse ainda que nenhum nome está vetado, nem o de Rodrigo Maia (DEM), que, segundo pontuou o líder do PSL, não defende as pautas conservadoras. O atual presidente da Câmara enfrenta resistência em alguns setores do PSL, que se articulam para apresentar outros nomes. Também são candidatos Capitão Augusto (PR) e Fábio Ramalho (MDB).

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