Vale critica falta de ação policial contra MST no PA

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Por Fabiana Cimieri
Atualização:

Diretores da Companhia Vale do Rio Doce criticaram hoje a falta de ação policial do governo do Pará capaz de inibir novas invasões do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em ferrovias da empresa. Segundo o diretor de Relações Institucionais e Sustentabilidade, Walter Cover, em todas as 11 ocupações ocorridas nos últimos 13 meses a polícia chegou apenas depois que a Justiça já havia expedido mandado de reintegração de posse e os invasores já haviam desocupado a ferrovia. Segundo ele, a falta de ação da polícia paraense "é uma questão de decisão política de governos que preferem optar pelo caminho da negociação". A justificativa do MST para essa última invasão à Estrada de Ferro Carajás é a de que o governo do Estado, dirigido pela petista Ana Júlia Carepa, deixou de enviar um representante para uma reunião que já estava marcada. "Se o governo decidiu negociar, que não deixe brechas detonadoras de ocupações. Os governos têm que ser mais ágeis", disse Cover, acrescentando que há uma percepção de que o movimento está se tornando cada vez mais organizado, sem improvisações. "É claramente uma estratégia. Quando a polícia chega, eles já não estão mais na ferrovia", afirmou, o que dificulta a prisão em flagrante dos sem-terra. O diretor de Logística da Vale, Zenaldo Oliveira, disse que qualquer paralisação das operações provocada por novas invasões pode interromper o escoamento da produção de minério de ferro. Segundo ele, com o aumento da demanda interna, a empresa não está conseguindo formar estoque da matéria-prima nos portos. A Vale ainda não calculou o prejuízo causado pela invasão, mas estima em US$ 22 milhões as perdas provocadas por um dia de paralisação no escoamento de 285 mil toneladas de minério. Segundo a empresa, os invasores provocaram também danos materiais, retirando 1.200 grampos que fixam os trilhos ao solo, num trecho de mais de 200 metros de extensão. O MST também, de acordo com a Vale, cortou os cabos de fibra ótica que passam pela ferrovia, interrompendo a comunicação via celular de Carajás, ateou fogo em pneus sobre os trilhos, danificando mais de 300 dormentes, e usou macaco hidráulico para levantar os trilhos, comprometendo a sustentação da linha.

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