Vale critica a Funai e cobra política para a questão indígena

Nesta terça, a Justiça decidiu provisoriamente que a empresa deve voltar a repassar os recursos às comunidades indígenas de Carajás, suspenso após invasões

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Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente da Companhia Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, cobrou nesta terça-feira uma política nacional para a questão indígena. Em nota divulgada à imprensa sobre a decisão da Justiça que prevê a retomada dos repasses às comunidades indígenas de Carajás, ele criticou a Funai e afirmou que a empresa respeita os índios. Nesta terça, a Justiça determinou por meio de liminar (decisão provisória) que a Vale deve voltar a repassar os recursos às duas comunidades dos índios xikrins, suspensos há dois meses, depois que eles invadiram e ocuparam instalações da empresa em Carajás, no Pará. O repasse de R$ 569 mil, sendo R$ 243 mil para os xicrins do cateté, e R$ 353 mil aos xicrins do djudjekô, terá de voltar a ser feito a cada mês. Agnelli afirmou que a empresa irá recorrer da decisão. "Nós temos um contrato firmado no qual há uma cláusula que diz: ´se houver invasão´ a gente pára de pagar. E paramos de pagar porque houve invasão, teve vandalismo." Ele diz também que a empresa respeita a causa indígena e cobra a Funai: "O que nós da Vale do Rio Doce estamos aguardando é qual é a política da Funai, o que eles vão fazer. Eles têm a responsabilidade. Nós não temos nenhuma intenção, nenhuma intenção de virar as costas para a causa indígena. Nós respeitamos. Nós somos sensíveis a ela, absolutamente sensíveis a ela. Agora, sem política não dá." Íntegra da nota A questão indígena é outra questão. É aquela coisa que todo muito respeita. Todo mundo tem que respeitar. Cada brasileiro, individualmente, tem que prestar atenção nisso. Cada brasileiro, como pessoa física, deveria estar preocupado com a questão indígena também. E a questão indígena não é questão de grana, não é questão de dinheiro. É política. O que se vai fazer? Para quem se dá o dinheiro? Quem administra o dinheiro? Se você dá o dinheiro para o índio, vem uma ONG e diz que o índio está morrendo de enfarte porque o dinheiro que você dá para ele, ele está comprando batata frita e o colesterol está subindo. Então, eu não posso dar o dinheiro para o índio. Muito bem. Então, para quem eu dou o dinheiro? A responsabilidade é da Funai. Cadê a política da Funai? O que nós da Vale do Rio Doce estamos aguardando é qual é a política da Funai, o que eles vão fazer. Eles têm a responsabilidade. Nós não temos nenhuma intenção, nenhuma intenção de virar as costas para a causa indígena. Nós respeitamos. Nós somos sensíveis a ela, absolutamente sensíveis a ela. Agora, sem política não dá. E digo mais: a Vale está fazendo o papel dela. A Vale tem feito o papel dela. A gente sustenta índio com recursos para alimentação. Nós temos um hospital destinado também a atender os índios; nós fazemos planos de desenvolvimento sustentável para os índios. Quando Carajás foi implantado nós investimos na comunidade indígena lá 70 milhões de dólares, sob a responsabilidade da Vale. Isso então não é questão de dinheiro, não é. Nós ajudamos o índio a sobreviver. Agora, tem muita gente que sobrevive em função do índio. Isso é a realidade no Brasil hoje: tem muita gente que sobrevive em função do índio. Agora, nós ajudamos o índio a sobreviver. Nós ajudamos. E a gente desenvolve política para o índio. A Vale do Rio Doce é preocupada, é engajada na questão indígena. Absolutamente engajada. O que estamos cobrando hoje é uma política da dona Funai: o que ela vai fazer. Ela não pode se esconder ou se furtar da responsabilidade dela. Ela tem que assumir a responsabilidade dela ditada pela Constituição Brasileira. Nós ajudamos os índios a sobreviverem. E tem muita gente que vive ou sobrevive em função do índio. É diferente. A liminar ontem foi interessante. Nós vamos recorrer. Por quê? Cadê o contrato. Nós temos um contrato firmado. Nós temos um contrato firmado onde há uma cláusula que diz: "se houver invasão" e nós respeitamos todas as cláusulas do contrato. O contrato dizia: "se houver invasão" a gente pára de pagar. E paramos de pagar porque houve invasão, teve vandalismo. Nós paramos de pagar sim. Então não se respeita contrato. E aí diz o seguinte, a liminar: que a gente tem que pagar os dois meses, se não me engano, que deixamos de pagar. Agora, a partir do ano que vem precisa ver para quem vai dar o dinheiro porque o índio é incapaz de administrar os recursos. Gente, como é que faz isso? De novo eu pergunto: cadê a Funai? Cadê a política do Brasil em relação à causa indígena? Cadê? Essa é a pergunta.

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