Vale cede área para garimpeiros reativarem Serra Pelada

Em troca dos 100 hectares que estão submersos em uma lagoa, a Vale recebeu 49 hectares para exploração de calcário da cooperativa dos garimpeiros da região

Por Agencia Estado
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O garimpo em Serra Pelada, região de exploração de ouro no Pará fechada desde 1992, poderá ser reativado em breve, após a Companhia Vale do Rio Doce ter cedido seus direitos minerários a uma cooperativa de garimpeiros nesta terça-feira, 27. Em troca dos 100 hectares (dentro de uma área de 10 mil hectares que pertence à mineradora) que atualmente estão submersos em uma lagoa, a Vale recebeu uma área de 49 hectares para exploração de calcário da Cooperativa dos Mineradores e Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp). A lagoa terá que ser dragada para a exploração. "A área é pequena para a Vale e a disposição de ceder para exploração já tinha sido informada pela empresa. Mas que fique claro que não veremos mais as cenas de milhares de garimpeiros carregando sacos de terra, a exploração não será manual", informou o assessor do ministério. Conhecida como maior mina a céu aberto do mundo, Serra Pelada chamou a atenção a partir da década de 1980, após divulgação de fotos onde os garimpeiros formavam uma espécie de formigueiro gigante e se submetiam a condições sub-humanas para buscar o metal. Segundo o ministério, o novo projeto será melhor organizado e a expectativa é de atrair entre 60 e 70 mil garimpeiros. "A idéia do governo é buscar áreas onde não haja conflito para regularizar a situação. Os garimpeiros, reunidos em cooperativa, vão ter que apresentar um projeto para iniciar os trabalhos", afirmou o assessor. Potencial de exploração A transferência da concessão aos garimpeiros, porém, não se dará imediatamente. Em uma primeira etapa, que deve se completar nesta semana, a cooperativa receberá do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) o "alvará de pesquisa". "Com isso, os garimpeiros terão um prazo de três anos para concluir a pesquisa técnica e econômica da jazida", disse o secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia, Cláudio Scliar, que intermediou o acordo. Esse tempo, porém, deverá ser encurtado, uma vez que a Vale repassará aos garimpeiros os estudos que já realizou sobre o potencial de exploração da região. As estimativas preliminares apontam que os 100 hectares a serem repassados aos garimpeiros têm potencial de pelo menos 20 toneladas de ouro. Depois de apresentar os estudos ao DNPM, os garimpeiros terão de obter a licença ambiental do projeto e elaborar um plano para a exploração da jazida. Só depois disso receberão a concessão. O presidente do Sindicato, Raimundo Benigno, disse que a exploração deve começar daqui a um ou dois anos. Benigno disse que em março os garimpeiros deverão iniciar negociações para escolher as empresas parceiras no projeto de exploração de Serra Pelada. Ele explicou que a empresa escolhida cuidará da operação do maquinário que será usado na exploração das jazidas. "Nós seremos sócios." Benigno disse que pelo menos cinco empresas, de países como Japão, Estados Unidos e Canadá, já procuraram o sindicato. Segundo ele, o acordo beneficiará 67 mil garimpeiros. Para o gerente de Direito Minerário e Meio Ambiente da Vale, Fernando Greco, o acordo com os garimpeiros foi importante não somente pelo acesso á jazida de calcário, mas também por promover o apaziguamento de conflitos na região. (Com Reuters)

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