Vaidade pessoal já é valor masculino, mostra pesquisa

Por Agencia Estado
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Está longe o tempo em que a preocupação com aparência era coisa de mulher. A constatação não vem apenas da observação das academias de ginástica. Empresas ligadas aos setores de moda, beleza, saúde não só perceberam a tendência como estão explorando fortemente este filão, de olho nas expectativas para os próximos anos. Preocupado com o visual, o homem moderno recorre a cremes, tinturas, autobronzeadores, hidratação, luzes, drenagem linfática, depilação, terapias, spas, clínicas de estética e consultórios de beleza. A disposição para melhorar a aparência está fazendo os homens desembolsarem quantias expressivas para a compra de bens e serviços de beleza, algo impensável anos atrás. Um levantamento com 1.100 homens da capital paulista feito pela Store Gestão&Marketing, administradora de shoppings que realiza pesquisas de varejo em Porto Alegre, Salvador e São Paulo, revelou que de 1.100 paulistanos entrevistados, 38,29% costumam gastar até R$ 50,00 por mês com produtos para a pele e academia; 42,13% gastam entre R$ 50,00 e R$ 100,00; 17,40% consomem entre R$ 100,00 e R$ 150,00; e 2,18% gastam mais de R$ 200,00 mensais. A pesquisa ouviu homens entre 20 e 60 anos, das classes A, B e C. Eles estão mais inclinados também a praticar alguma atividade física, formando um contingente que na capital paulista chega a 80% da população masculina: 43,12% gastam entre 30 minutos e 1 hora por dia com exercícios; 27,6% usam de uma a duas horas; e 8,9% se dedicam mais de duas horas. Ou seja, apenas 20,31% não se exercitam regularmente. Mas mesmo assim a maioria destes (68,7%) pretendem iniciar um programa de exercícios, o que pode significar no médio ou longo prazo um aumento dos adeptos à malhação. O mercado da beleza masculina já representa 10% do total movimentado pelo setor de cosméticos e é também o que cresce mais rapidamente, com uma taxa anual de 20%. Trata-se de um volume de R$ 800 milhões por ano, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). Este novo comportamento masculino começou a se desenhar na década de 90, quando os homens passaram a se interessar por cosméticos mas não havia produtos específicos para eles. Segundo a entidade, até 1998, um em cada 100 homens aceitava comprar produtos de beleza. Hoje a proporção é inversa: somente seis a cada 100 rejeitam a possibilidade. O diretor da Store, Paulo Roberto Pretto de Oliveira, avalia que a tendência é que aos poucos mais homens passem a fazer uso destes produtos. Os maiores compradores do futuro devem ser os homens que hoje têm entre 20 e 30 anos, pois é uma geração que assimilou fortemente a preocupação com a aparência. Isto pressupõe o crescimento da população dos metrossexuais, definido pela Store como um jovem preocupado com a moda, cosméticos, gastronomia e elegância, morador de grandes centros urbanos. "Normalmente, é um homem bem-sucedido, entre 25 e 40 anos, que gosta de fazer compras, não tem barriga, se preocupa com o peso e cuida da pele", disse Oliveira. Os homens de hoje estão também mais auto-suficientes na compra de produtos de uso próprio. De acordo com a pesquisa, 81,54% dos entrevistados são responsáveis pela aquisição de itens pessoais. Mesmo os casados têm se mostrado mais independentes, pois 52,5% dizem resolver suas compras sozinhos. Entre os solteiros, separados e viúvos, este percentual representa cerca de 84,79%. Embora a decisão seja hoje mais pessoal, 57,9% preferem a companhia da família ou de amigos para a compra de itens pessoais e 42,10% gostam de ir sozinhos. Os shoppings são seus locais preferidos para a compra, como disseram 37,89% dos pesquisados, seguidos pelos supermercados, com 24,93%, hipermercados com 20,75% e as lojas de rua com 8,32%. A pesquisa revelou ainda que a escolha do local é regida pela facilidade de acesso, como mencionou 58,22%, e pela comodidade (51,20%). Em terceiro aparece credibilidade do local com 48,83%, variedade no mix com 37,90% e marcas próprias com 22,16%. A emancipação masculina está aparecendo até mesmo na aquisição dos produtos para a família. Eles já influenciam a compra de alimentos (17,80%), eletroeletrônicos (14,51%), lazer (13,97%), vestuário (10,88%), carro (9,71%), computador (9,68%), CDs (9,45%), calçados (8,24%) e bebidas (7,25%), áreas onde a mulher até pouco tempo reinava sozinha. Este cenário é resultado, segundo Oliveira, da mudança dos papéis do casal dentro da família, com a divisão das tarefas e da responsabilidade pela receita financeira. Os itens que mais influenciam a decisão de compra dos homens são a qualidade, citada por 39,14% dos entrevistados, seguida pelo preço (37,74%). A variedade (14,50%) e o prazo (8,62%) vêm na seqüência. No momento de pagar, 70,17% dos homens preferem o dinheiro, 53,88% optam pelo cartão de crédito, 19,30% pelo cartão de débito e 15% pelo cheque.

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