PUBLICIDADE

"Vai ser duro", diz a viúva de Celso Furtado

Veja o que já foi publicado sobre Celso Furtado no Estadao.com.br

Por Agencia Estado
Atualização:

O economista Celso Furtado, de 84 anos, conversava com a mulher, a jornalista Rosa Freire d´Aguiar Furtado, em sua casa, em Copacabana, zona sul do Rio, quando sofreu um enfarte, às 11h10. Por volta das 17h30, o corpo foi levado para a sede da Academia Brasileira de Letras (ABL), onde Furtado ocupava a cadeira de número 11 desde 1997. O sepultamento está marcado para as 11 horas deste domingo, no cemitério São João Batista, no mausoléu da ABL, em Botafogo, na zona sul. "Eu me lembro que falei para ele ficar lendo jornal enquanto eu ia dar uma volta na feira para comprar um peixe e pegar um DVD na locadora. Ele andava com uma espécie de carrinho dentro de casa. Desequilibrou-se para trás e caiu. Eu estava sozinha, chamei a vizinha e pedi que chamasse o porteiro para levantá-lo. Mas tive a impressão de que ele já tinha morrido. Foi realmente fulminante", contou Rosa, que era casada com o economista havia 25 anos. "Quando nos conhecemos, o entendimento foi total. Nunca mais nos separamos. Vai ser duro", disse, emocionada. Chá na academia O presidente da ABL, Ivan Junqueira, contou que Celso Furtado gostava de freqüentar as reuniões dos acadêmicos. Mesmo demonstrando fragilidade física, o economista esteve presente no último encontro, na semana passada. "Ele esteve lá, tomou chá conosco, o tempo todo fazia apartes no plenário. Ele comparecia sempre às reuniões, mesmo com dificuldade, e demonstrou uma coragem admirável. Nos últimos tempos, chegou a ir a reuniões de muletas", contou. A economista Maria da Conceição Tavares não quis comentar a perda do amigo e companheiro. De acordo com um dos filhos dela, as famílias são muito amigas. Furtado e Maria da Conceição se encontravam freqüentemente. Antonieta Furtado, irmã do economista, confirmou que ele estava muito debilitado por causa da doença cardíaca e que chegou a se submeter a duas cirurgias para a implantação de pontes de safena, uma em São Paulo e outra em Paris. "Ele foi um dos maiores homens do Brasil. Um exemplo para jovens, para todo o mundo. Uma vida íntegra", disse a irmã. Era uma coisa que ninguém esperava", disse a cunhada Dilma Furtado. Carlos Furtado, sobrinho do economista, disse que "ele foi um homem que nunca parou de trabalhar. A atividade intelectual dele era uma espécie de usina de idéias. Uma pessoa que nunca parou de pensar". Lessa, Lula e Brasil Rosa Furtado disse que o marido não ficou contrariado em relação ao presidente Lula com a demissão de Carlos Lessa da presidência do BNDES. Ela disse que acompanhou com ele pela TV a manifestação de apoio a Lessa na sexta-feira na porta do BNDES e que os dois conversaram sobre o assunto. Segundo Rosa, Furtado elogiou a escolha do ministro do Planejamento, Guido Mantega, para substituir Lessa. "Ele, apesar do desconforto com certas coisas do governo, tinha muita confiança no Lula e achava que não se deveria fazer nada para atrapalhar. Ele tinha uma fé imensa no Brasil. Ele tem absoluta certeza, eu digo tem ainda porque ele está do meu lado, que esse país dá certo sim. Agora, não é coisa de uma geração só, mas de duas ou três".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.