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Vaccarezza nega ter se reunido com André Vargas e doleiro

Ao Conselho de Ética, petista refuta escutas da PF que indicam encontro e afirma que colega não fez lobby para a Labogen

Por Daiene Cardoso
Atualização:

Brasília - Em depoimento no Conselho de Ética da Câmara, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) negou que tenha promovido reunião em seu apartamento, em Brasília, para discutir assuntos do laboratório Labogen com o colega André Vargas (sem partido-PR) e o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato da Polícia Federal. Amigo pessoal de Vargas, Vaccarezza disse que o ex-petista era "réu confesso" por utilizar um jatinho patrocinado pelo doleiro e afirmou estar convencido de que Vargas não fez lobby em favor do laboratório. "Eu o defendi e não me arrependo", declarou.

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Vaccarezza foi chamado para depor como testemunha no processo por quebra de decoro parlamentar contra Vargas. Ele afirmou conhecer Youssef, disse que não sabia que ele era doleiro e refutou as escutas da PF que indicam uma reunião em seu apartamento com Vargas e o doleiro preso. "Eu nunca na minha vida me reuni com Vargas e Youssef para tratar de Labogen, nem de política nem de negócios. O que o André Vargas me disse foi que recebeu um pedido e tinha encaminhado para o Ministério da Saúde, se não me engano. E não tenho certeza se foi o Youssef, acho que não foi", respondeu. "Tenho convicção, a não ser que fatos novos apareceram, que o André não fez lobby para a Labogen. Se tivesse feito não contaria com a minha defesa", emendou.

Na oitiva, Vaccarezza disse que o ex-petista cometeu "um erro gravíssimo" ao aceitar o jatinho de Youssef para viajar com a família. O deputado, no entanto, reclamou da exposição do colega e disse que Vargas não pode ser julgado pelos possíveis crimes cometidos por Youssef. Vaccarezza também lamentou que o escândalo tenha vindo à tona em período eleitoral e criticou o uso político do episódio. "É duro isso".

A defesa de Vargas, liderada pelos advogados Michel Saliba e José Roberto Batocchio, reclamou de "cerceamento" do direito de Vargas se defender e insinuou que o processo pode ser judicializado. "Se isso acontecer será uma atitude protelatória", avaliou o relator do processo, deputado Júlio Delgado (PSB-MG). Nesta tarde, o Conselho de Ética recebeu cópia do inquérito da PF com 4 mil páginas e os advogados reclamaram que não houve acesso aos dados do relatório cedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). 

Depoimento. O depoimento de Youssef, marcado inicialmente para esta quarta-feira, 2,, foi cancelado. Embora seja arrolado como testemunha do relator e do ex-petista, o doleiro preso avisou que ficaria em silêncio durante a oitiva. "O juiz (Sérgio Moro) disse que não tinha condições de autorizar uma logística (de videoconferência) para ele não falar nada", explicou Delgado. 

O colegiado voltará a se reunir na quarta para ouvir dos depoimentos dos empresários da Labogen Leonardo Meirelles e Esdras Ferreira, de defesa. Como o Conselho de Ética não tem poder de convocação, as testemunhas não são obrigadas à atender ao convite do colegiado. 

O relator do processo contra Vargas, que trabalhava com a ideia de votar o relatório antes do início do recesso parlamentar, a partir de 18 de julho, já admite a possibilidade de votar o relatório só em agosto.

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