Usineiros vêem com ceticismo visita de Bush

Visita irá apenas atrair a mídia internacional para a indústria do etanol brasileira

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Por Agencia Estado
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Produtores de álcool manifestaram com ceticismo suas expectativas sobre a visita do presidente George Bush ao País. Reunidos na Feira de Negócios de Bionergia (Feicana), em Araçatuba, interior de São Paulo, representantes do setor das principais regiões produtoras, ressaltaram o aspecto político da visita e minimizaram as possibilidades de vantagens para o setor. Para a União da Indústria de Cana de Açúcar (Única), a única vantagem da visita será atrair a atenção da mídia internacional para a indústria do etanol brasileira. Neste sentido, a Única se prepara para oferecer ao presidente norte-americano uma pauta de reivindicação - baseada na queda das barreiras tributárias para o produto brasileiro - somente em maio, quando o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva se encontrará com ele em Washington. "Talvez aí sim, teríamos como colocar o assunto em pauta", diz o secretário executivo-geral da Única, Fernando Ribeiro. Segundo os usineiros, nenhum representante do setor havia sido convidado oficialmente até esta terça-feira para participar da agenda de Bush no Brasil. "Houve pedidos de informações e de documentos por parte da chancelaria americana, mas nada foi oficializado até agora", disse Ribeiro. Para o presidente da Associação dos Produtores de Álcool do Paraná, Anísio Tormena, o governo brasileiro deve insistir no trabalho de convencimento de tentar fazer o governo americano a reduzir o valor das alíquotas de importação do produto brasileiro, que hoje é de US$ 0,54 por galão ou US$ 0,143 por litro de álcool, fora os 2,5% de ad valorem. "Pode ser que não adiante muito, mas temos de continuar mostrando que se os EUA precisam do etanol brasileiro devem fazer algo para obtê-lo", disse. O presidente do Sindicato das Indústrias de Fabricação de Álcool de Goiás, Igor Montenegro Celestino Otto disse que "o discurso político é bonito, mas a prática dos EUA não tem sido essa", disse. Ele lembrou que Bush deverá consumir 30 trilhões de barris de petróleo e aumentar em 25% a emissão de gases, por isso, "tenho a esperança de que a visita seja o primeiro passo dos americanos no sentido dos biocombustíveis". O Presidente da Associação dos Produtores de Bionergia (Udop), José Carlos Toledo, disse a vinda de Bush pode não trazer de imediato reflexos positivos para o setor, mas deve colocar na pauta do governo brasileiro a luta pela busca de espaço para o etanol brasileiro, especialmente nos Estados Unidos. O diretor de Dutos e Terminais da Transpetro, Marcelino Guedes, disse que Bush terá no Brasil um excelente exemplo de logística para distribuir etanol em seu território e lembrou que a proposta, tendo como base o exemplo brasileiro, foi feita pelo senador Tom Harking, de Iowa, ao Congresso americano. O senador sugeriu a construção de dois dutos um ligando Iowaà Costa Leste e outro à Costa Oeste, tomando como exemplo a estrutura brasileira de distribuição de combustíveis.

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