Usina desperdiça água apesar da escassez de energia

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Por Agencia Estado
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A usina hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, vê hoje parte de seu potencial de geração de eletricidade correr literalmente rio abaixo. A usina está sendo obrigada a verter água por já estar operando em sua capacidade máxima de geração, de 4.245 megawatts (MW). Ao mesmo tempo, membros da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) participarão em Brasília, na próxima segunda-feira, de reunião para discutir o índice de água em praticamente todas as bacias hidrográficas que abastecem as usinas do País, em razão do baixo índice pluviométrico verificado este ano. Nem Eletronorte, administradora da usina, e tampouco o ONS querem falar sobre o "desperdício" dos 9 mil metros cúbicos por segundo de água que correm diariamente pelo vertedouro da usina. Inaugurada em novembro de 1984, a hidrelétrica localizada no trecho inferior do Rio Tocantins vive nesta época do ano o período de cheia de suas represas. A impossibilidade de ampliar o aproveitamento hídrico é clara demonstração da falta de política de investimentos do setor elétrico no Brasil durante as décadas de 80 e 90. Por falta de obras de ampliação e descasamento de prazos de investimento entre parque gerador e linhas de transmissão, a usina só pode contribuir com 1.000 MW de energia para as regiões Sudeste e Centro-Oeste, principais pólos consumidores do País. Para resolver o problema e aproveitar plenamente o potencial hídrico da região, a Eletronorte está expandindo a geração de Tucuruí e, em 2006, a capacidade instalada será de 8.370 MW. Para expandir a área de transmissão, a Aneel criou um programa de construção e exploração dos sistemas nos próximos anos por grupos privados. No mês passado, por exemplo, um consórcio formado pelos Grupos Alusa e Schahin ganhou duas concessões em leilão realizado pela Aneel no Rio de Janeiro. Uma delas é a interligação Tucuruí-Vila do Conde, no Pará, com extensão de 323 km e investimentos estimados em R$ 155 milhões. A linha deverá ficar pronta em 14 meses. A outra é a linha Tucuruí-Presidente Dutra, no Maranhão, com 920 km de extensão, onde R$ 623 milhões deverão ser investidos para concluí-la em 22 meses. Além da expansão de Tucuruí e das novas linhas de transmissão, o governo federal cuida também do início das obras da usina de Belo Monte, também no Pará, para ampliar a geração de energia elétrica na região Norte. O início das obras será em junho e a usina de 11 mil MW deverá entrar em operação em 2009. O investimento para construir Belo Monte é de US$ 3,9 bilhões e a Agência Nacional de Energia Elétrica deverá abrir, em breve, licitação para que grupos privados participem do empreendimento. O objetivo do governo federal é que 30% da usina fique nas mãos da Eletronorte, enquanto os 70% poderão ser explorados pelos grupos privados.

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