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Unifesp apresenta seu primeiro camundongo transgênico

Por Agencia Estado
Atualização:

Ele se chama Vitor, nasceu no dia 24 de dezembro e deve ser pai dentro de alguns dias. Vitor é o primeiro camundongo transgênico da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e o segundo do Estado, que já tem Cris, nascido na Universidade de São Paulo (USP), por meio de uma técnica diferente. Para os pesquisadores das duas universidades, Vitor e Cris são os primeiros passos para que a ciência brasileira tenha autonomia também nessa área. "Um casal de camundongos transgênicos pode chegar a custar US$ 50 mil no mercado internacional", diz João Bosco Pesquero, coordenador do Laboratório de Animais Transgênicos do Centro de Modelos Experimentais em Medicina e Biologia (Cedeme), da Unifesp. Os camundongos podem ser usados em pesquisas sobre doenças cardíacas, Alzheimer e câncer, entre outras. O nascimento de Vitor é resultado de 3 anos de pesquisa e de um investimento de US$ 200 mil, financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Ele é o primeiro animal transgênico do País a ser criado pela técnica de microinjeção pronuclear. Por esse método, o gene é criado em laboratório e inserido num dos dois pronúcleos, isto é, no núcleo do espermatozóide ou do óvulo, já reunidos numa única célula, que vai dar origem ao embrião quando os dois núcleos se fundirem. "No caso de Vitor, foram produzidos 100 embriões, dos quais três vingaram, mas só ele apresenta o gene que introduzimos", explica Pesquero. Vitor tem duplicado o gene do receptor B2 da bradicinina uma substância associada a processos inflamatórios e hipertensivos. A idéia dos pesquisadores é usar os animais transgênicos para verificar se esse gene, como se suspeita, confere proteção ao músculo cardíaco nos casos de infarto e doença de Chagas, por exemplo, quando o órgão aumenta de tamanho. De acordo com Pesquero, a Unifesp tem capacidade para produzir dezenas de animais transgênicos por ano e pode atender a encomendas de pesquisadores de todo o País até da América Latina. A Embrapa, por exemplo, já manifestou seu interesse em usar transgênicos como biorreatores, para produzir fatores antitumorais. "Estamos em contato com o grupo de Elíbio Rech, que quer testar antes, em camundongos, modificações que planejam introduzir em animais de maior porte", explica Pesquero. A expectativa dos pesquisadores agora é a da ampliação das instalações do Cedeme e modernização dos equipamentos. "Esses animais constituem uma superferramenta de estudo", afirma a pesquisadora Lygia da Veiga Pereira, da USP, que trabalha com transgênicos. "Usamos técnicas complementares", afirma. No método usado por ela, são alterados quaisquer genes do próprio camundongo presentes em suas células-tronco. Essas células são retiradas do embrião original depois de alteradas e introduzidas num embrião normal. O animal resultante vai ter parte dos tecidos vindos da célula com gene alterado e parte vindo da célula com genoma inalterado. A idéia é que as células modificadas dêem origem às células germinativas (óvulos e espermatozóides) e a característica se transmita para os descendentes. Os dois grupos já pensam em colaboração. "O papel das universidades é somar e não dividir recursos", justifica o reitor da Unifesp, Hélio Egydio Nogueira.

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