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Unidade Progressista reúne líderes de esquerda para aproveitar desgaste de Bolsonaro

Iniciativa é vista como o principal passo da esquerda em direção à unidade desde o início do governo

Por Ricardo Galhardo
Atualização:

Lideranças de quatro dos principais partidos de esquerda se reuniram nesta terça-feira, 26, em Brasília, para criar uma frente com os objetivos de unir as forças de oposição e explorar o desgaste precoce do governo Jair Bolsonaro. A iniciativa já é vista como o principal passo da esquerda em direção à unidade desde o início do governo.

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Os primeiros alvos do grupo batizado como Unidade Progressista, formado pelos ex-presidenciáveis Fernando Haddad (PT) e Guilherme Boulos (PSOL) além do governador do Maranhão, Flavio Dino (PCdoB), do ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho (PSB) e da ex-candidata a vice-presidente Sonia Guajajara (PSOL), são o projeto de reforma da Previdência enviado pelo governo ao Congresso e a defesa feita por Bolsonaro do golpe que derrubou o presidente João Goulart em 1964 e mergulhou o país em mais de duas décadas de ditadura militar.

O encontro não teve a participação formal dos partidos. Os também ex-presidenciáveis Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede) declinaram dos convites mas serão chamados para os próximos encontros da frente, que serão mensais.

Flávio Dino (PC do B) foi reeleito governador do Maranhão. Foto: Andre Dusek/Estadão

“É um grupo tático de intervenção na conjuntura, uma espécie de ‘think tank’ progressista, um iniciativa de articulação para ocupar o espaço político deixado pelo desgaste do governo e não deixar um vazio. Do jeito que está, daqui a pouco alguém começa a falar em golpismo”, resumiu Flávio Dino.

O governador do Maranhão negou que o objetivo seja a criação de um novo partido político e que o foco do grupo seja a eleição de 2022. “Eu, particularmente, não vejo isso (novo partido). É mais para fortalecer a ideia de frente, de aliança”, afirmou.

O grupo aprovou uma carta na qual critica o projeto de reforma da Previdência enviado pelo governo ao Congresso (Dino e outros governadores do Nordeste defendem uma reforma, mas em outros moldes), a decisão de Bolsonaro de incentivar comemorações pelo golpe de 1964, atitudes que condenaram “antinacionais” do presidente em sua viagem aos EUA e defendem a “isonomia” jurídica ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso pela Lava Jato, além da unidade da esquerda.

Até o final da semana a Unidade Progressista deve divulgar outra carta sobre o apoio de Bolsonaro ao golpe militar de 1964. “Ao defender o golpe o presidente adota uma postura agressiva não só à esquerda mas a toda a democracia”, disse Dino.

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Segundo ele, o objetivo inicial é criar um campo de diálogo entre as forças de esquerda sem o “peso” dos partidos políticos, cujas decisões precisam passar por instâncias de direção e burocráticas. De acordo com Guilherme Boulos, a unidade é o único caminho da esquerda para evitar o avanço da agenda de Bolsonaro.

“Nós só vamos conseguir derrotas os retrocessos do Bolsonaro com muita unidade da oposição. Esta reunião foi um esforço de unidade”, disse ele.