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Único ato oficial de Mello terá festa no Planalto

Por Agencia Estado
Atualização:

Com o embarque do presidente Fernando Henrique Cardoso para a Europa, o presidente no Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, assumiu nesta quarta-feira, pela primeira vez, o comando do País decidido não perder um minuto de sua interinidade, que será marcada por homenagens, jantares e coquetéis. A agenda de Mello nesta quarta-feira, que registrava compromissos de meia em meia hora, começou às 8h30 da manhã e só deverá terminar altas horas da madrugada, com um coquetel em sua homenagem, na casa do ministro interino do Supremo, Ilmar Galvão, para centenas de convidados. A única cerimônia oficial da interinidade de sete dias ? sanção da criação da TV do Judiciário ? será transformada em uma grande festa no Planalto, com convites distribuídos aos integrantes de todos os segmentos do judiciário de todo o País. Depois de trocar um abraço com Fernando Henrique, ao receber o cargo, na Base Aérea de Brasília, Marco Aurélio resolveu agradecer o gesto do presidente, que lhe homenageou deixando para que ele sancionasse a criação da TV do Judiciário, reiterando os apelos pela aprovação rápida da CPMF. ?Registro a minha confiança irrestrita no Senado Federal e tenho certeza de que os senadores votarão a CPMF e o farão com urgência?, declarou Marco Aurélio, lembrando que não terá o que fazer em relação a isso porque ?a providência maior e mais drástica foi adotada ontem pelo presidente da República, pelo titular, com o problema do corte no orçamento, por conta o atraso no exame da CPMF?. Mais tarde, já no terceiro andar do Planalto, Marco Aurélio, disse que estava ?percebendo um outro lado da vida de presidente?, mas fez questão de explicar que não havia defendido a CPMF, mesmo porque votou contra ela no STF. Ressalvou, no entanto, que a esta altura do campeonato, ?não se pode continuar com esse impasse?, alegando que há uma preocupação, cada vez maior, com o que a União deixará de arrecadar. Ele lembrou que a Constituição estabelece um prazo de 90 dias para que qualquer contribuição entre em vigor, acrescentando que este prazo sempre foi observado. As primeiras declarações de Marco Aurélio foram dadas antes mesmo do avião presidencial decolar. O presidente do Supremo comentou que assumiu o governo prevendo que não terá ?nenhum pepino? para resolver durante esta semana, que será ?uma interinidade com sentimento de responsabilidade? e ?sem surpresas?. Depois de passar as primeiras horas no gabinete de Fernando Henrique, o presidente interino disse imaginar que a Presidência é ?um fardo muito pesado?. E brincou: ?prefiro ficar com meus processos.? Marco Aurélio, apesar de ser opositor e voraz crítico do governo lembrou que ?este momento é uma demonstração inequívoca de que vivemos um bom estágio democrático?. Mas ele avisou que não se sentará na cadeira presidencial. Todas as audiências ele concedeu ou sentado no sofá da sala presidencial ou na mesa de reuniões. ?Não vou me sentar. Vou reverenciar aquela cadeira. Vou observá-la?, comentou ele, que alterou a agenda quatro vezes durante o dia para acomodar todas as pessoas que desejavam cumprimentá-lo. ?Foi um dia leve. Apenas recebi visitas de estímulo?, observou ao final do dia, em conversa informal com os jornalistas, embora reconheça que são atribuições ?substancialmente diferentes?. A última versão da agenda incluía desde o ministro da Fazenda, Pedro Malan, até o deputado Jaques Wagner (PT-BA). O deslumbre do presidente interino foi comentado pelos funcionários do Planalto. Ele fez questão de almoçar na sala ao lado do gabinete presidencial, acompanhado de seus principais assessores. Quinze compromissos estavam marcados no primeiro dia de trabalho no palácio, a maioria com pessoas ligadas ao Judiciário. Marco Aurélio, que promete passar o fim de semana em Brasília, só não chegou ao deslumbre do ex-presidente da Câmara, deputado Paes de Andrade, que lotou o boeing presidencial de correligionários, descendo em Mombaça, no interior do Ceará, sua cidade natal. No final da tarde, Marco Aurélio, em conversa informal com a imprensa, falou até mesmo de futebol. Flamenguista doente, o presidente interino, após confessar que estava orgulhoso de ocupar o lugar de um outro flamenguista, anunciou que torceria pelo Brasiliense, no jogo desta noite contra o Corinthians, pelo final da Copa do Brasil, e mostrou-se confiante com a seleção brasileira no Mundial. O presidente do STF é o quarto na linha sucessória. Marco Maciel, o vice-presidente, está na Suécia, e os presidentes da Câmara, Aécio Neves, e do Senado, Ramez Tebet, acompanharam Fernando Henrique na viagem à Europa.

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