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Unesco vai avaliar situação de acervo histórico de Ouro Preto

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Por Agencia Estado
Atualização:

Uma missão do Centro do Patrimônio Mundial de Paris da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) visitará Ouro Preto no próximo mês para avaliar a situação do acervo histórico da cidade mineira. Segundo o representante da Unesco no Brasil, o argentino Jorge Werthein, após o diagnóstico, as recomendações da missão serão enviadas aos governos federal, estadual e municipal, que terão prazo até dezembro de 2003 para atendê-las. Caso contrário, a antiga Vila Rica, primeira cidade brasileira a ser declarada Patrimônio Cultural da Humanidade, poderá ser incluída na lista dos sítios em perigo. "Se esse primeiro bem entrar na lista em perigo terá um impacto muito negativo para o País", observou Werthein, que participou hoje, em Ouro Preto, da abertura do "Encontro Nacional de Estudos Populacionais", que está sendo realizado na cidade mineira. O representante da Unesco aproveitou a visita para ver de perto o estado de conservação do maior e mais representativo conjunto arquitetônico e urbanístico colonial do País. O argentino constatou que a cidade vive um processo de descaracterização de seu acervo, principalmente por causa da ocupação desordenada de seu entorno, pela falta de um Plano Diretor, e resultado de uma precária infra-estrutura de tráfego, que tem causado danos ao sítio tombado e à conservação das edificações no centro histórico. "Estive em Ouro Preto há cinco anos e meio e percebo que aumentou o trânsito na Praça Tiradentes e a ocupação das encostas", avaliou Werthein. A situação já havia sido denunciada pela sub-regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e por entidades não-governamentais da cidade. Durante o encerramento do Seminário Estatuto da Cidade e Patrimônio Cultural Urbano, no início de agosto, em Olinda (PE), foi aprovada uma "moção por providências urgentes para a preservação" do município. "Uma capital mundial sem um Plano Diretor é incrível", disse Werthein. Ele, no entanto, considerou positiva as propostas discutidas recentemente de criação de uma promotoria especializada para cuidar do acervo histórico - segundo o Iphan, atualmente há mais de cem ações civis públicas na Justiça contra obras irregulares na cidade - e o estabelecimento de um comitê consultor da cidade, com representantes da Prefeitura, dos institutos nacional e estadual do patrimônio e da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). O representante da Unesco no Brasil também salientou a pouca atenção dada pela população local ao título concedido à cidade, há 22 anos. "Não observo, não percebo, em nenhum lugar, nada que indique que esta cidade é um Patrimônio Mundial", observou, salientando que o título não merece destaque nem mesmo nas camisetas, ou lembranças vendidas no município. "Você não sente nessa população consciência, conhecimento. Ela não sente orgulho (do título) e por isso não aumenta a auto-estima. Como torná-los co-responsáveis pela preservação?", indaga. A missão internacional da Unesco deverá ser composta por um técnico do órgão e um consultor externo. A data da visita ainda não foi definida, segundo Werthein.

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