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Uma com terra entre sem-terra

Rosarlete tem tudo e apoia causa

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Por Redação
Atualização:

Com roupa de grife, chapéu fino e jóias, Rosarlete de Assis Roedel, 46 anos, contrastava com o perfil típico dos manifestantes do MST, quase todos de chinelo de dedo, durante a marcha ontem na Esplanada dos Ministérios. Analista judiciária do TRE de Minas, Rosarlete era um desses apoios externos na marcha. Ela ganha mais de R$ 12 mil líquidos por mês e é casada com um físico nuclear aposentado. Com renda familiar acima de 22 mil mensais, o casal tem três filhos e leva vida confortável. Mora num apartamento em bairro de classe média alta de Belo Horizonte, tem sítio nas redondezas, fazenda em Abaeté, casa de praia no Rio e três carros na garagem. Apesar disso, ela garante que leva "uma vida despojada" e usa o bom padrão para se solidarizar com causas sociais, como manifestações sindicais, atos públicos e, sempre que pode, marchas do MST. Como uma lady entre os sem-terra, ontem, Rosarlete teve o cuidado de passar protetor solar da La Roche, para se proteger do sol do meio-dia. Usou também álcool gel para se prevenir do risco de contrair gripe suína. Vaidosa, não esqueceu de se perfumar com desodorante Lancome, francês, e com borrifadas de Dolce & Gabbana, italiano. "Mas o chapéu é nacional", ressalvou. "Comprei numa boa loja de Florianópolis." Uma das mais animadas na manifestação, ela entoava os gritos de guerra e cantos contra o latifúndio e pela distribuição de terras. Aumentava o tom na hora de gritar "fora Sarney" e outros slogans contra os políticos envolvidos nos escândalos que, segundo ela, "transformaram o Brasil numa palhaçada". Para Rosarlete, o Brasil só vai ter paz quando os políticos "roubarem menos" e houver solidariedade de classe. "Não creio que atingiremos o fim da luta de classes, mas acho que todos nós temos responsabilidade em atenuar o sofrimento dos mais necessitados."

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