
31 de janeiro de 2015 | 17h30
Essa estratégia lembra a usada pelo senador Aécio Neves (PSDB) na corrida presidencial. Com menos partidos em sua coligação que a petista Dilma Rousseff, o tucano atraiu apoios dos aliados do governo federal nos Estados e com eles deu ao PSDB a melhor votação desde 2002. Neste domingo, a oposição torce pelo deputado Eduardo Cunha (RJ) e pelo senador Luiz Henrique (SC). Ambos do PMDB do vice-presidente Michel Temer, e ambos cabos eleitorais de Aécio no ano passado.
Outra característica de 2014 no embate deste domingo é a polarização, o que dá algum ar de imprevisibilidade sobre a votação. Na era petista, as eleições no Senado sempre foram um passeio do candidato oficial. Das sete disputas, três tiveram concorrente único (José Sarney em 2003, Renan em 2005 e Garibaldi Alves em 2007). Nas demais, o cenário mais apertado ocorreu quando havia dois candidatos oficiais: em 2009, Sarney derrotou Tião Viana (PT-AC) por 49 a 32.
Na Câmara, o susto da vitória de Severino Cavalcanti (PP-PE) em 2005 foi remediado com o acordo de rodízio entre PT e PMDB a partir de 2007, o que tornou as eleições seguintes insossas.
O cenário de hoje é bem diverso. O governo escolheu contra quem atuar. Movimentou a recém-empossada Esplanada em um atípico janeiro em Brasília com a articulação pró-Arlindo Chinaglia (PT-SP). Ampliou os esforços na última semana a favor de Renan. Tudo porque, quando vê o favorito Eduardo Cunha ou o desafiante Luiz Henrique, enxerga a oposição que contra ele atuou na eleição de 2014.
A vitória de pelo menos um desses peemedebistas - ou a de ambos - significará ao Planalto mais do que uma péssima estreia nesta legislatura e prognóstico de vida difícil nos próximos anos. Trata-se da semente de uma desidratação da base, liderada pela ala oposicionista do PMDB, que pode resultar no fim da aliança com o PT em 2018.
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