PUBLICIDADE

Um monstro cometeria este crime, diz Luís Miguel

Por Agencia Estado
Atualização:

O suspeito de ser o mentor intelectual do assassinato dos seis empresários portugueses, o também português Luís Miguel Militão Guerreiro, de 31 anos, encontra-se preso em uma das celas da Superintendência da Polícia Federal, no Ceará. Chorando bastante, Miguel concedeu entrevistas hoje de manhã. Evitou dar detalhes sobre o crime e disse que só iria falar sobre o assunto depois de ter um advogado. Disse estar à procura de alguém de "alma caridosa" para defendê-lo. Perguntado como analisaria uma pessoa que comete um crime dessa natureza, respondeu: "Como todos estão analisando. Como um monstro". E a pena, segundo ele, deveria ser de morte. "Lamento muito o que aconteceu. Não posso fazer nada. Não há nada no mundo que pague a morte de alguém". Luís Miguel afirmou ter dormido mal num colchão, sem coberta e incomodado por mosquitos. Ele disse estar preocupado com a sua esposa, Maria Leandro Cavalcante, que, segundo ele, não está sendo bem tratada, tendo sido levada, durante a noite, para um hospital. Ele afirmou que ela está pagando "por algo que não fez" e que só ontem Maria Leandro ficou sabendo do que tinha acontecido. Luís Miguel negou ainda que sua esposa tenha ido ao aeroporto de Fortaleza recepcionar os empresários, na madrugada do dia 12. Ao fugir para o Maranhão com Maria Leandro e sua família, Luís Miguel afirmou pretender morar em paz numa casa criando animais. O delegado federal Carlos Sérgio Bezerra Fontoura, presidente do inquérito envolvendo o assassinato dos seis empresários portugueses, deverá pedir hoje a prisão preventiva dos acusados de envolvimento na chacina. Na próxima semana, a polícia cearense pretende fazer a reconstituição da chacina. "É preciso definir qual a participação de cada um dos envolvidos", disse Fontoura. Preso quarto segurança envolvido na chacina O superintendente da PF, Wilson Nascimento, avaliou que foram desvendados 75% do caso. "Agora, precisamos saber quem participou da ocultação dos cadáveres". Na opinião dele, foi um trabalho muito grande para ter sido feito apenas pelos seguranças. Os seis corpos estavam em uma vala na cozinha da boate Vela Latina, coberta por duas camadas de cimento. Três deles estavam com os pulsos amarrados e com a cabeça enrolada em panos. Também estão presos, desde ontem, no Ceará, três seguranças que teriam ajudado Luís Miguel a cometer a chacina: Leonardo Sousa dos Santos, Jerônimo Pereira Ferreira e José Jurandir Pereira. O delegado Fontoura passou a madrugada de hoje interrogando Luís Miguel e os três seguranças. Agora de manhã foi preso o quarto segurança envolvido na chacina dos portugueses: Raimundo Martins da Silva, que há quatro meses trabalhava na boate de Luís Miguel. O superintendente da Polícia Civil, César Wagner, disse que Raimundo estava com as malas das vítimas e com as chaves da boate. De acordo com as informações dadas por um dos seguranças, Luís Miguel não teria presenciado a execução dos seus conterrâneos. Por telefone, após certificar-se de que as senhas dos cartões informadas pelas vítimas eram verdadeiras, ele teria dado ordens aos seguranças para executá-los, um por um, no banheiro da boate. Familiares não precisarão identificar os corpos Clemente Barros, filho de Manoel Joaquim Barros, uma das vítimas da chacina, chegou hoje de manhã em Fortaleza. O cônsul de Portugal, no Ceará, Carlos Pimentel de Matos, disse que não será preciso a vinda de outros parentes dos portugueses, pois será dispensada a identificação por familiares para a liberação dos corpos. Ainda não há, segundo ele, uma previsão de quando será feita a transferência para Portugal. "Vai depender do trabalho da polícia brasileira", comentou o cônsul. Carlos Pimentel de Matos acredita que Luís Miguel seja o mentor e tenha premeditado o crime. Ele não aposta na versão apresentada por Luís Miguel, em depoimento prestado ontem na PF do Piauí, de que teria sido forçado pelos seguranças.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.