Último marechal do País morre aos 108 anos

Morreu ontem no Rio, aos 108 anos, Waldemar Levy Cardoso, o último marechal do Exército do País. Nascido em dezembro de 1900, Cardoso morreu de insuficiência respiratória, no Hospital Central do Exército, na zona norte do Rio. O mais alto posto do Exército foi extinto em 1967, durante a ditadura militar, quando uma reforma estrutural da Força definiu que somente haveria a promoção de general-de-Exército ao posto de marechal em caso de guerra. Nos 48 anos de serviço ativo dedicados ao Exército Brasileiro, o marechal Levy Cardoso participou da Revolução Liberal de 1924, em São Paulo, e da Revolução de 1930, que levou o Getúlio Vargas à Presidência do País. Em 1935, durante a Intentona Comunista, atuou na repressão ao movimento . Em 1944, já como tenente-coronel, comandou o 1º Grupo de Artilharia Expedicionário na Segunda Guerra Mundial. Galgou a carreira militar até chegar, em 1964, a general-de-Exército. Dois anos depois, passou para a reserva no posto de marechal-de-Exército. Em 1967, foi nomeado para o cargo de presidente do Conselho Nacional de Petróleo. Em março de 1969, assumiu a presidência da Petrobrás, cargo que ocupou até outubro do mesmo ano. Em 1971, foi convocado para ser conselheiro da administração da Petrobrás. Ficou no cargo até maio de 1985, quando, aos 84 anos de idade, se afastou da vida pública. PETRÓLEO Em 2006, em entrevista ao Estado, Cardoso disse ter ficado "eufórico" com a notícia de que o Brasil havia alcançado a autossuficiência em petróleo. "Durante toda a vida acreditei que poderíamos ser os maiores produtores de petróleo do mundo", afirmou. Na mesma entrevista, o marechal ironizou a longevidade: "São Pedro perdeu a minha ficha, mas acho que um dia vai encontrá-la". O corpo do militar, cujo velório irá até o início da manhã de hoje, no Palácio Duque de Caxias, será enterrado com honras fúnebres no cemitério São João Batista, em Botafogo, na zona sul do Rio.