Último ensaio do Miss Universo, em meio a protestos

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Por Agencia Estado
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Cansadas mas excitadas, 80 jovens de todo o mundo participaram, ontem à noite, de seu último ensaio para o concurso de Miss Universo, enquanto a agitação política ferve em volta delas, no pequeno país andino. Enquanto se preparavam para a noite de hoje, quando uma sairá com o título de mulher mais bela do planeta, cerca de 500 manifestantes indígenas marchavam a algumas quadras de seu hotel, protestando contra o concurso e contra o presidente Lucio Gutierrez, que enfrenta pressão crescente para renunciar. Mulheres índias, usando várias saias e blusas bordadas, ostentavam faixas onde se lia Miss Guerra e Miss Míssil, por exemplo. Carregando espigas de milho, elas gritavam contra o governo por gastar milhões de dólares no evento em vez de fornecer apoio à colheita. Os manifestantes empurravam um boneco imenso, fantasiado de miss, com ramos de uma planta picante. Berravam insultos contra Gutierrez, chamando-o de mentiroso, ladrão e corrupto e protestavam contra o plano governamental de negociar um tratado de livre comércio com os Estados Unidos. Embora os equatorianos tenham demonstrado grande entusiasmo e orgulho pelo fato de seu país ser o escolhido para hospedar o Miss Universo deste ano, várias personalidades públicas se manifestaram contra. ?Poderia qualquer leitor lembrar do nome dos últimos cinco países do Terceiro Mundo que sediaram o Miss Universo? Poderão dizer quanto se reduziu a pobreza e quanto aumentou o investimento em educação, saúde e previdência social depois que as concorrentes fizeram as malas e partiram??, escreveu Raul Vallejo, educador e escritor, numa coluna de jornal na semana passada. Descobrindo-se no meio da agitação política do Equador, as misses resolveram defender seus esforços para serem eleitas como a mulher mais bela do mundo. A Miss EUA Shandy Finnessey tachou de infeliz as críticas de que as candidatas se mostram frívolas num mundo onde fome e guerra abundam. ?Com o caos e trauma que atinge o mundo agora, acho que é preciso um modelo de papel muito forte, como Miss Universo, para viajar pelos países espalhando a mensagem de paz.? Miss Noruega Kathrine Sorland concorda, acrescentando: ?Sei que há pessoas que criticam o Miss Universo, o Miss Mundo e outros concursos de beleza, mas somos um bando de garotas se divertindo e essa é uma coisa positiva. Não tenho sentimento de culpa de modo algum.? Os organizadores do concurso dizem esperar que o desfile final, hoje à noite, seja visto por 1,5 bilhão de telespectadores em 180 países, incluindo pela primeira vez a China este ano. O programa de dois horas dedicará 10 minutos para mostrar as atrações turísticas do Equador, incluindo a flora e fauna únicas das Ilhas Galapagos, o mais alto vulcão ativo do mundo, e a luxuriante vegetação de seu pedaço de selva amazônica.

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