Último acusado de assasinar missionário vai a julgamento

Dos seis acusados pelo assassinato, dois já morreram, dois tiveram a acusação prescrita e um foi absolvido no fim de outubro. O crime aconteceu há 19 anos

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Por Agencia Estado
Atualização:

O último dos acusados do assassinato do missionário jesuíta Vicente Cañas, o pistoleiro José Vicente da Silva, começa a ser julgado nesta segunda-feira pela Justiça Federal em Cuiabá. O crime aconteceu há 19 anos na terra dos Enawenê Nawê, no município de Juína (MT). O pistoleiro será julgado por homicídio duplamente qualificado, mediante pagamento, e em emboscada. Dos seis acusados pelo assassinato de Cañas, dois já morreram, dois tiveram a acusação prescrita por terem mais de 70 anos e um, o ex-delegado de Juína na época do crime, Ronaldo Antônio Osmar, foi absolvido no fim de outubro deste ano por júri popular. O procurador Mário Lúcio Avelar, responsável pela acusação nesse caso, recorreu da sentença ao Tribunal Regional Federal em Brasília. Vicente Cañas foi assassinado a golpes de faca em abril de 1987 na terra dos Enawenê Nawê, onde viveu por dez anos. De acordo com o relatório do processo, o jesuíta foi morto a facadas, por fazendeiros da região, quando se preparava para atender a uma aldeia, levando medicamentos. Seu corpo foi encontrado cerca de quarenta dias depois da morte, por dois missionários do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), com o abdômen perfurado. Com o apoio do Cimi, o missionário enfrentou fazendeiros do Norte de Mato Grosso para assegurar a demarcação das terras dos índios da etnia Enawenê-Nawê, um grupo quase isolado do contato com não-índios e que ainda não tinha área demarcada ou homologada. A investida de Cañas gerou um conflito que terminou com sua morte e quase 20 anos depois os responsáveis pelo crime estão sendo julgados. Os primeiros contatos com o grupo ocorreram em 1974. À época, os enawenê eram 97 pessoas. Hoje, a população é de 430.

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