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Última tentativa de hegemonia foi abatida por escândalo, CPI e cassações

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Por Vannildo Mendes
Atualização:

A hegemonia do poder no Congresso, vista como alavanca para a conquista das eleições presidenciais em 2010 e consolidação do poder político, pode ser uma faca de dois gumes. Em vez de boas lembranças, o PMDB, que comandou as duas Casas pela última vez em 1992, viveu na carne a máxima de que tudo que é sólido se desmancha. Dono das maiores bancadas, como agora, o partido presidiu a Câmara com Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) e o Senado com Mauro Benevides (PMDB-CE). Em vez de consolidar a sua influência, porém, a legenda teve a sua pior derrota histórica, ao ser arrastada pelo escândalo dos anões do Orçamento. Uma CPI Mista criada pelo Congresso em 1993 levou à perda do mandato de dez parlamentares - seis foram cassados e quatro renunciaram para evitar a punição. Do total, seis eram do PMDB, todos acusados de desvio de recursos por meio de emendas fraudulentas. A maldição do consenso atingiu os dois dirigentes: Ibsen foi um dos cassados e o deputado Carlos Benevides (PMDB-CE), filho do presidente do Senado, foi outro atingido. Resultado: o partido perdeu a presidência de uma das Casas - Inocêncio Oliveira (PE) ganhou a disputa, viu suas bancadas desidratarem em mais de 10% na eleição seguinte e amargou um desonroso quarto lugar na eleição presidencial de 1994. Orestes Quércia, o candidato peemedebista, teve apenas 4,3% dos votos, ficando atrás de Enéas, do inexpressivo Prona. Os tempos, porém, eram outros. O presidente era Itamar Franco e o Brasil vivia período de vigor ético após o processo de impeachment que sacou o presidente Fernando Collor do cargo. Varrido pelos ventos da moralização pública, o PMDB amargou um vexame nas urnas, mas os seus dirigentes alegam agora que o partido aprendeu com os próprios erros para não os repetir em 2010.

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