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''TVs são complementares, diferentes e necessárias''

Por Wilson Tosta
Atualização:

A presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Tereza Cruvinel, defende a existência da TV Câmara, da TV Senado e da TV Justiça como importantes para a consolidação democrática brasileira. Chefe da empresa pública que controla a TV Brasil, ela diferencia os canais dos Poderes - que chama de estatais - da televisão que comanda, que classifica de pública. E aponta aquela que, em sua opinião, será a última estação estatal a ser criada no País: o Canal da Educação do MEC, estabelecido na lei que criou o sistema brasileiro de TV digital. Não há expansão excessiva das TVs estatais no Brasil? Você está falando do conjunto das televisões não-comerciais. Elas têm naturezas distintas. Então, eu qualifico como estatais as televisões dos poderes públicos. A TV pública está em outra natureza, tem outra natureza jurídica. Acho que essas televisões estatais, dos poderes públicos, são necessárias e têm uma natureza muito clara, são televisões controladas por diferentes poderes públicos para dar conta às sociedades do que se faz naqueles poderes. É diferente da TV pública, que tem como missão primordial assegurar pluralidade na sua programação. Mas não há um excesso de televisões estatais? Acho que não, porque acho que agora também isso se esgotou. Cada poder público federal tem uma televisão que se articula no plano estadual. Não vejo para onde isso pode se expandir. Não há perigo de essas TVs estatais virarem instrumentos dos ocupantes momentâneos do poder, não do Poder? Quando todos os partidos representados na Casa participam da programação, tem uma representação direta de toda a sociedade, não é? Todo mundo que está lá foi eleito pelo voto direto. Não acho que corra o risco de ser explorado só pelo ocupante da Presidência. Em termos de custo, não acaba pesando? TV é uma coisa cara... Televisão não é barato. Agora, eu, como jornalista, que atuei no Congresso, testemunhei nos últimos anos o quanto o acompanhamento da atividade legislativa contribuiu para o processo político. Como parlamentares passaram a ser vigiados, porque tiveram suas atividades acompanhadas, acho que TVs legislativas são muito importantes para o amadurecimento político. Vale também para o Judiciário? A TV Justiça também trouxe uma contribuição muito importante para a democracia brasileira. Porque desde a transição, desde a consolidação democrática, nós da imprensa, a sociedade, a mídia, nosso foco sempre foi o Executivo e o Congresso. Essas transmissões permitem um maior conhecimento sobre o que é Justiça. Acho que ajudam bastante e não vejo assim nenhuma expansão. Acho que estão atendidas as prioridades, e tem uma televisão que vem aí, sim, que acho da maior importância, que é o Canal da Educação em TV digital, que vai ser gerido pelo MEC. Isso está previsto lá atrás, no decreto da TV digital. Acho que esse é o último grande canal do campo não-comercial. Acho que para aí.

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