BASTIDORES: Tucanos querem explicação do Planalto sobre recuo com relação a Imbassahy

Deputados e líderes da sigla afirmam que postura do governo expôs o partido e precisa ser devidamente explicada ao comando do PSDB até segunda-feira

Por Daiene Cardoso
Atualização:

BRASÍLIA - O recuo do Palácio do Planalto em anunciar o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), como novo ministro da Secretaria de Governo causou surpresa e irritação nos tucanos. Deputados e líderes da sigla concluíram nesta sexta-feira, 9, que a postura do governo expôs o partido e precisa ser devidamente explicada ao comando do PSDB até segunda-feira, 12, prazo que o Planalto havia dado para formalizar a escolha de Imbassahy. "Sem o PSDB, esse governo não vai. Como Temer vai contornar, não sei", disse um parlamentar.

O presidente do PSDB Aécio Neves e o líder tucano no Senado Antônio Imbassahy Foto: Dida Sampaio|Estadão

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Reunidos na quinta-feira, 8, em São Paulo para um jantar oferecido pelo deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP), cotado para liderar a bancada na Câmara no próximo ano, os tucanos concluíram que era preciso esperar para ver como o presidente Michel Temer vai resolver a situação. Estavam no jantar de homenagem ao deputado Bruno Covas (PSDB-SP) - que deixará a Câmara para assumir como vice-prefeito de São Paulo -, o próprio Imbassahy, o governador Geraldo Alckmin e outros parlamentares da sigla.

Segundo fontes, alguns tucanos sugeriram o rompimento e Imbassahy teria manifestado preocupação em pacificar a bancada diante do episódio. "Criou um mal-estar, não tenho dúvidas. Quem fez o convite tem de fazer o 'desconvite'. Imbassahy é um cara querido, se não achar uma solução razoável, complica", avaliou um deputado.

Oficialmente, os tucanos dizem não terem sido informados de que Imbassahy não assumirá mais a pasta, dizem ter ficado sabendo apenas que houve reação negativa dos partidos do chamado "Centrão" e que a nomeação foi apenas adiada. Na manhã desta sexta, voltaram a ser surpreendidos pela entrevista do presidente Michel Temer, que negou ter feito convite a Imbassahy. "Como Temer é muito formal, talvez ele considere o convite por escrito, com letra gótica", ironizou um dirigente do partido. Em entrevista à Rádio Jornal de Pernambuco, Temer disse que não houve recuo em relação a Imbassahy. "Recuo zero. Não houve convite", afirmou o presidente, ressaltando que nunca chegou a formalizar um convite ao deputado.

Os tucanos acreditam que o recuo é pior para o governo do que para a legenda, demonstrando que o Planalto não tem segurança sequer para tomar decisões dessa natureza. "O desgaste é do governo", concluiu um deputado. Há uma avaliação geral de que o recuo se deve à disputa pela presidência da Câmara, ao espaço exigido pelos peemedebistas e ao vazamento da informação de que a pasta teria seus poderes ampliados.

Por enquanto, os tucanos dizem que o compromisso com o governo Temer está mantido, que o partido não quer pôr em risco a votação da Reforma da Previdência. No entanto, há críticas sobre a forma como o governo vem se tornando "refém" de partidos considerados "fisiológicos", que buscam espaço na Esplanada dos Ministérios, e o Planalto, por sua vez, não consegue contemplá-los. "O PSDB não é um partido qualquer e eles (partidos do Centrão) têm de entender o peso do partido Se o PSDB sai, ele (Temer) não governa", avisou um deputado. 

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