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Tucanos pressionam Alckmin por 2016

Movimentação do processo de prévias no PSDB desagradou o Palácio dos Bandeirantes, que considera o momento inadequado

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Por Pedro Venceslau
Atualização:

Faltando pouco mais de um ano para as eleições municipais, os tucanos paulistas estão pressionando o governador Geraldo Alckmin a antecipar a escolha do seu indicado para disputar a Prefeitura da capital em 2016. A movimentação precoce do processo de prévias partidárias, entretanto, desagradou o Palácio dos Bandeirantes, que considera o momento inadequado para esse debate. Otimistas com a popularidade baixa do prefeito Fernando Haddad (PT) e o crescimento do sentimento antipetista em São Paulo, os tucanos congestionaram a fila de interessados pela vaga. Pela primeira vez na história do partido as prévias acontecerão no ano anterior ao pleito.

O governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) Foto: Jf. Diório/Estadão

Cinco nomes estão na lista, sendo que dois já se apresentaram formalmente e pagaram uma taxa de R$ 20 mil exigida aos interessados em se tornar candidato em 2016: o vereador Andrea Matarazzo e o empresário João Doria Jr. Os principais quadros do PSDB paulista anunciaram na semana passada que fecharam com Matarazzo. O apoio foi selado com pompa e circunstância em um ato político na casa do ex-ministro da Justiça José Gregori. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, os senadores José Serra e Aloysio Nunes, deputados federais, vereadores e secretários estaduais se revezaram ao microfone fazendo discursos de apoio a Matarazzo. "O quadro é favorável ao PSDB. Mas, como diria (o ex-vice-presidente) Marco Maciel, é momento de fulanizar. É momento de fazer escolha. E a minha escolha é Andrea Matarazzo", afirmou FHC. Embora seja favorável às prévias, Alckmin considera um erro tratar desse assunto agora. Apesar de ser o fiel da balança, o governador está vendo o presidente municipal do PSDB, vereador Mário Covas Neto, conhecido como Zuzinha, conduzir o processo à sua revelia. Alckmin avisou que não aceitará a imposição dessa agenda.Leque. Enquanto o grupo dos tucanos históricos avança unido, o governador trata de ampliar o leque de possibilidades ao estimular aliados próximos e auxiliares de sua confiança a entrar na disputa. Primeiro a se inscrever nas prévias, João Doria consultou Alckmin antes de entrar em cena. E recebeu carta branca. Outra opção é o secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, que ensaia deixar o PMDB e migrar para o PSDB para entrar na fila. A avaliação de tucanos próximos a Matarazzo é de que o evento da semana passada foi uma demonstração de força do vereador e um recado ao Palácio dos Bandeirantes: de que os líderes paulistas não gostariam que candidato do PSDB seja imposto por Alckmin. Os quadros da "velha guarda" do partido, também chamados de "tucanos históricos", temem que o governador use sua caneta para escolher um candidato sem tradição na sigla. Os demais tucanos que pleiteiam um lugar na urna eletrônica em 2016 - os deputados Bruno Covas, Ricardo Tripolli e o ex-deputado José Aníbal - selaram um acordo para enfrentar o favoritismo de Matarazzo.'Prévias das prévias'. Eles farão uma "prévias das previas" e apenas um deles será inscrito na disputa. O grupo não conta com apoios estrelados como Matarazzo, mas, juntos, tem maior influência sobre os 58 diretórios zonais do PSDB. O colégio eleitoral das previas é formado por cerca de 25 mil filiados ao partido na capital. Em 2012, o ex-governador de São Paulo e atual senador José Serra venceu as prévias do PSDB com 52,1% dos votos. Seus concorrentes foram Aníbal, então secretário estadual de Energia, e Tripoli, que receberam, respectivamente, 31,2% e 16,7%. Ao todo, 6.229 militantes do partido votaram, Serra recebeu 3.176 votos, seguido de Aníbal (1.902) e Tripoli (1.018). "Ter o controle dos diretórios zonais não significa ter o controle dos filiados. Mesmo assim, não acho que eles juntos tem a maioria", avalia Mário Covas Neto.

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