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Tucanos esperam crescimento de Serra a partir de abril

Para presidente estadual do PSDB-SP, polarização do entre Serra e Dilma favorece governador

Por Carolina Freitas e da Agência Estado
Atualização:

 

 

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SÃO PAULO - Políticos do PSDB esforçaram-se para mostrar tranquilidade diante do crescimento da ministra Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência da República, na pesquisa CNT/Sensus divulgada nesta segunda-feira, 1º. Para os tucanos, a melhora da petista era "esperada" e "natural" por causa das viagens e inaugurações de que ela tem participado ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Eles avaliam, entretanto, que o provável candidato do PSDB, o governador de São Paulo, José Serra, começará a subir nos levantamentos a partir de abril, passado o prazo legal para ele deixar o Executivo e poder se dedicar à candidatura em tempo integral.

 

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A diferença de intenção de voto entre Serra e Dilma caiu de 10,1 pontos porcentuais em novembro para 5,4 pontos em janeiro. Se a eleição fosse hoje, Serra teria 33,2% dos votos e Dilma, 27,8%, em um cenário com o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) na disputa. Sem Ciro, Serra teria 40,7% dos votos e Dilma, 28,5%. No segundo turno, o tucano teria 44% dos votos e a petista, 37,1%. "Com o peso de Lula e da máquina pública contra, Serra continua na frente", afirma o deputado federal Silvio Torres (PSDB-SP). "O PSDB é o favorito. Não temos motivo nenhum para ficarmos intranquilos."

 

Para o também deputado federal pelo PSDB paulista Arnaldo Madeira, os resultados são um indicativo de que de a liderança de Serra está consolidada. Ele lembra que Serra ainda não lançou sua candidatura. "O que impressiona é a consistência da candidatura do Serra. A única pessoa que tem presença permanente na mídia é Dilma, portanto só ela poderia crescer nas pesquisas. E, ainda assim, cresceu menos do que o governo esperava", disse.

 

Polarização favorece Serra

 

O presidente do PSDB de São Paulo, deputado federal Mendes Thame, destacou que a polarização entre Dilma e Serra, estratégia adotada pelo governo até o momento, favorece Serra. Na avaliação dele, sem Ciro, o governador paulista venceria já no primeiro turno. "Se a campanha for plebiscitária, como o governo quer, é o nosso candidato que leva vantagem."

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Mendes Thame diz ainda que as forças de Serra e Dilma podem levar ainda mais tempo para se equilibrarem, apesar da possível saída do tucano do governo paulista no final de março. "O crescimento de Serra nas pesquisas se dará quando ele começar a fazer campanha. Isso só vai acontecer em dois meses", afirmou. "Os candidatos só estarão em igualdade de condições em junho, quando começar a campanha eleitoral na televisão." Em junho também os partidos fecham em convenção a chapa para a disputa nas eleições.

 

Apesar do bom desempenho de Dilma nas últimas pesquisas, Mendes Thame acredita que os tucanos "não têm de se preocupar tanto". "Temos de confiar no discernimento do povo brasileiro. A população não quer ser tutelada. Dilma é a boneca do ventríloquo Lula. Faz campanha descaradamente. Serra respeita a lei." O presidente do PSDB-SP não vê meios de impedir a suposta campanha antecipada da candidata do governo. "Se houver violações, vamos à Justiça, mas essa não é a essência do nosso trabalho pré-eleitoral", disse. "É quase impossível frear a pré-campanha de Dilma."

 

Superexposição

 

Para o deputado federal Antonio Carlos Pannunzio (PSDB-SP), a pesquisa divulgada nesta segunda-feira mostra que a estratégia de Lula de expor ao máximo sua pré-candidata produziu efeito. "Era de se esperar o crescimento de Dilma. É natural", disse o tucano. "Sem nenhum disfarce e com total desprezo à legislação, o presidente Lula e a ministra Dilma estão em campanha aberta. Qualquer visita a uma obra no País inteiro é desculpa para eles montarem palanque."

 

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Os tucanos aguardam abril como o mês da virada, quando, acreditam, Serra passará a crescer nas pesquisas. Mendes Thame lembra que o governador paulista não disputa uma eleição nacional há oito anos e, por isso, tem recall baixo fora do Estado.

 

Sílvio Torres analisa que a desincompatibilização mudará as condições de disputa de Serra, para o bem, e de Dilma, para o mal. "Ela não vai poder mais sair com Lula. E Serra poderá declarar sua candidatura. Aí os números vão começar a retratar a posição real de cada um", disse o deputado. "Hoje, Dilma tem o palanque nacional. Serra, quando muito, tem o estadual. A partir de abril essa desproporção será corrigida." Pannunzio procurou mostrar segurança: "A partir de abril com certeza nós veremos o crescimento de Serra."

 

Pannunzio não acredita que Dilma tenha fôlego para ultrapassar Serra até lá. "É muito pouco provável que isso aconteça. Ela vai chegar ao patamar histórico do PT, de 30%, e parar", disse o deputado. "A maior parte do porcentual de intenção de voto dela é transferência de Lula. Isso tem um teto, que está bem próximo de ser atingido. Tirando os militantes petistas, não há por que votar em Dilma. Isso vai ficar claro quando Serra começar a apresentar suas propostas para o País."

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Para Torres, o início do horário eleitoral na televisão vai consolidar Serra como líder das pesquisas e candidato mais viável à Presidência. "Dilma está crescendo à custa da popularidade de Lula. Quando ele não puder mais carregá-la, o horário eleitoral vai dizer se Dilma tem bala para ganhar a eleição. No mano a mano, Serra está mais preparado."

 

Ceticismo

 

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O novo líder do PSDB na Câmara Federal, João Almeida, diz ver a pesquisa com ceticismo. Assim como Thame, ele afirma que a pesquisa não muda em nada a estratégia do partido. "Não vamos conduzir o partido baseados em pesquisas", disse Almeida, que assume a liderança nesta terça-feira. Ele admite, entretanto, que a disputa eleitoral influenciará os trabalhos no Congresso. "Vamos discutir matérias de interesse do país que em outros anos temos dificuldade de tratar. A diferença é que neste ano fica mais fácil saber quem ganha e quem perde."

 

Mendes Thame, por sua vez, garante que a estratégia conduzida pelo partido será a mesma até agora - na sua avaliação, vitoriosa. "O Sérgio Guerra tem conduzido um trabalho exemplar de alianças baseadas na identidade de propósitos, e não em acordo fisiológicos", desafia.

 

Com informações de André Mascarenhas, do estadao.com.br

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