TSE cassa governador maranhense

Menos de um mês após Cunha Lima perder cargo na Paraíba, Jackson Lago é punido por abuso de poder

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Por Mariângela Gallucci e BRASÍLIA
Atualização:

Em uma sessão que entrou pela madrugada de hoje, os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiram pela cassação do mandato do governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT). O placar foi de 4 votos a 3 pela cassação, por abuso de poder na eleição de 2006. O comando do Estado deve ser entregue à senadora Roseana Sarney (PMDB), segunda colocada na disputa estadual. Há menos de um mês o tribunal também confirmou a cassação do então governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB), e a posse, em seu lugar, de José Maranhão (PMDB). O relator do processo, ministro Eros Grau, concluiu em seu voto que houve uso da máquina do Estado na eleição, em favor da candidatura de Lago. Entre outras acusações, estava a realização de 1.817 convênios do governo estadual com prefeituras e associações civis no ano eleitoral. Grau disse também que ficou comprovada a compra de votos em Imperatriz, com a prisão de eleitores e a apreensão com o motorista de um vereador de R$ 17 mil em notas miúdas, de uma tabela com valores que seriam pagos em troca dos votos e de "santinhos" de Lago. "A prova é contundente para caracterizar a captação ilícita de sufrágio", concordou o ministro Ricardo Lewandowski. DIVERGÊNCIA Os ministros Félix Fischer e Fernando Gonçalves concordaram com a tese de abuso de poder na eleição, mas não com a de compra de votos. Nesse item, apenas Lewandowski concordou com a tese do relator. Em seu voto, Grau ressaltou o fato de que em um evento no município de Codó o então governador José Reinaldo Tavares declarou apoio a Lago. Essa foi uma das principais provas apresentadas pela acusação. O vídeo com imagens desse evento em Codó foi veiculado na sessão de julgamento de ontem. No julgamento, ocorreu um duelo entre os ex-ministros do TSE e do Supremo Tribunal Federal (STF) Sepúlveda Pertence, que defendeu os interesses de Roseana, e Francisco Rezek, responsável por tentar convencer os integrantes do TSE de que Lago não cometeu irregularidades. Pertence afirmou que Lago é um político como os outros, que exerceu mandatos de deputado e prefeito de São Luís, e não apenas um "médico ingênuo". Rezek reagiu. Disse que seu cliente não é um político tradicional, mas um médico que se entregou à atividade política. OUTROS Os ministros ainda julgarão o mandato de outros seis governadores. Também enfrentam pedidos de cassação no TSE Luiz Henrique (SC), Ivo Cassol (RO), Marcelo Déda (SE), José de Anchieta Júnior (RR), Marcelo Miranda (TO) e Waldez Góes (AP).

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