'Tropa de Elite' leva o Brasil a discutir violência, diz jornal

'The Washington Post' comenta a repercussão do filme 'contado a partir da perspectiva da polícia'

Por BBC Brasil
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O filme Tropa de Elite vem levando todo mundo no Brasil - "das favelas às coberturas e até nos gabinetes oficiais" - a discutir a violência no Rio de Janeiro, observa reportagem publicada nesta segunda-feira, 22, pelo diário americano The Washington Post. José Padilha fala à TV Estadão sobre ‘Tropa de Elite'  "Mesmo antes de ser lançado nos cinemas, neste mês, Tropa de Elite já era o filme brasileiro mais visto da temporada: a principal empresa de pesquisas do País estimou que cerca de 11,5 milhões de adultos - e também um número desconhecido de crianças - já havia visto o filme em DVDs pirateados antes das primeiras projeções", comenta a reportagem. "O filme é centrado nos policiais que combatem as gangues de traficantes de drogas que controlam as favelas do Rio", relata o Washington Post. O jornal comenta que a polícia tentou inicialmente proibir o lançamento do filme, por considerar que as cenas que mostram policiais torturando favelados mostravam uma imagem ruim da corporação. Mas "os críticos da polícia argumentam que o filme é muito simpático aos policiais corruptos, porque apresenta a ação a partir do seu ponto de vista", diz o texto. Além disso, "algumas organizações não-governamentais fizeram objeções à sugestão do filme de que alguns ativistas se aliaram a traficantes de drogas para terem acesso às favelas", observa o jornal. Segundo a reportagem, o diretor do filme, José Padilha, alega que tais alegações são um reflexo da realidade de uma cidade "com uma das maiores taxas de homicídio do mundo". "Por décadas, a maioria das mais de 600 favelas do Rio vêm sendo comandadas por gangues de traficantes. A polícia, tanto militar quanto civil, mantêm uma guerra contra esses grupos e são comumente criticadas por serem tão brutais - se não mais - do que as próprias gangues. Os tiroteios são comuns, e os moradores das favelas ficam freqüentemente sob fogo cruzado", relata o diário. A reportagem observa que "Padilha disse que sua intenção era mostrar a guerra da perspectiva de um policial e deixar a audiência julgar se o policial é bom, mau ou ambos". "Para aqueles com opiniões firmes sobre a violência do Rio, a recusa do filme em impor sua própria moral é ofensiva", diz o jornal, citando um colunista do jornal O Globo que classificou o filme de "fascista" por supostamente desculpar os abusos cometidos pela polícia nas favelas. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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