Tribunal "julgará" crimes do latifúndio no PR

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Vários organismos sociais ligados à questão da terra e direitos humanos organizam no dia 2 de maio, em Curitiba, o Tribunal Internacional dos Crimes do Latifúndio e da Política Governamental de Violação dos Direitos Humanos no Paraná. O presidente do tribunal, Hélio Bicudo, e os jurados foram escolhidos pelas entidades que organizam o evento, assim como o acusador, o jurista argentino Eugenio Raúl Zaffaroni. De acordo com a advogada da Rede Nacional de Advogados Populares, Teresa Cofré, o objetivo é chamar a atenção da opinião pública sobre a "estratégia de repressão aos trabalhadores rurais sem-terra impetrada como política governamental no Paraná". Segundo os organizadores, nos últimos seis anos, 16 sem-terra foram mortos no Paraná, 478 foram presos sete torturados e mais de 300 feridos. O membro da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, Dálio Zippin Filho, disse que o governador Jaime Lerner (PFL) recebeu, há 30 dias, o teor das acusações, sendo pedido que enviasse um representante para atuar como advogado. Mas Zippin adiantou que o advogado não terá direito de recusar qualquer um dos jurados. "Este é um tribunal político", justificou Zippin Filho. Para o advogado, o veredito dos jurados "pode condenar ou não" o governo paranaense. Já o membro da Coordenação Executiva do Movimento Nacional de Direitos Humanos, Marcelo Freitas, afirmou que "o tribunal não é imparcial". "É um tribunal de opinião e não se trata de procurar uma neutralidade inexistente." Segundo ele, o objetivo é ouvir pessoas internacionalmente conhecidas para gerar novas discussões. O governador Jaime Lerner não deve mandar representante para o evento. "É um tribunal de exceção e eu tenho horror a tribunais de exceção", afirmou o governador, por meio de sua assessoria. Segundo o governo, dos 16 crimes que lhe estão sendo atribuídos, apenas um foi cometido por um policial, em um acidente. Os laudos mostraram que ele atirou para o chão e a bala ricocheteou atingindo Antonio Tavares Pereira. Ainda de acordo com o governo, as outras mortes aconteceram em confronto entre os sem-terra ou com seguranças de fazendas. Os jurados convidados para o tribunal são o Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel; o arcebispo de Porto Velho (RO), dom Moacir Grechi; o filósofo alemão Friedrich Müller; a senadora Heloísa Helena (PT/AL); o sociólogo norte-americano James Petras; o professor de Direito na Holanda e Bélgica, Koen de Feyter; o advogado Marcelo Lavenere Machado; o desembargador do Rio Grande do Sul Rui Portanova; a juíza do Rio de Janeiro Salete Maccalóz e o filósofo Sérgio Yahni.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.