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Tribunais de Justiça burlam regra sobre carros oficiais

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Por AE
Atualização:

Mais de um ano e meio depois de o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ter determinado a abertura da "caixa-preta" dos carros oficiais do Poder Judiciário, a maioria dos tribunais estaduais ainda oculta suas frotas de veículos ou dificulta o acesso a dados sobre elas. Levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo constatou a existência de pelo menos 1.270 Corollas, Vectras, Astras e assemelhados à disposição de juízes e desembargadores em 18 Tribunais de Justiça.Nove dos 27 tribunais não apresentaram os dados solicitados pela reportagem. Entre os que o fizeram, apenas dez divulgaram as listas de carros na internet da forma como determinou o CNJ em resolução editada em junho de 2009 pelo então presidente do órgão, Gilmar Mendes.Se um morador de Sergipe, do Acre, do Distrito Federal ou de Mato Grosso quiser saber quantos carros de juízes e desembargadores são custeados por seus impostos, precisará apenas entrar no site do Tribunal de Justiça de seu Estado, clicar no link "Transparência" e, a seguir, em "Lista de veículos". Já TJs do Rio de Janeiro, Paraná, do Espírito Santo, de Pernambuco e de Goiás, entre outros, descumpriam completamente a resolução do CNJ e não publicavam a lista na internet até a semana passada. Outros tribunais publicaram a relação, mas não na página principal da instituição nem no link Transparência - para localizá-la, foi preciso consultar as assessorias de imprensa.FiscalizaçãoO CNJ, órgão de controle do Judiciário, determina que todos os tribunais do País publiquem, até 31 de janeiro de cada ano, a lista de veículos oficiais em "espaço permanente e facilmente acessível do sítio ou portal respectivo na rede mundial de computadores". Ao exigir que detalhes sobre a frota de veículos de todo o Poder Judiciário fossem divulgados, o CNJ tinha como objetivo facilitar a fiscalização de eventuais abusos.O próprio CNJ, porém, não monitora o cumprimento da resolução. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, apesar de a medida estar em vigor há 20 meses, somente a partir das próximas semanas haverá um acompanhamento caso a caso.ReformulaçãoAlguns tribunais só se adequaram às exigências de transparência depois que o Estado entrou em contato com suas assessorias de imprensa. Outros prometeram tomar providências em breve para publicar as listas de carros - o prazo dado pelo CNJ era até 31 de janeiro.O Tribunal de Justiça de Minas Gerais, por exemplo, só incluiu a relação da frota de veículos no link "Transparência" de seu site no último dia 4, após contato feito pela reportagem. O TJ do Paraná, que publicou a relação apenas no Diário da Justiça, anunciou que fará ajustes em seu site para dar publicidade às informações exigidas pelo conselho.Até o início do mês, a relação de carros do TJ-RJ não estava na internet. Depois de questionamento feito pelo Estado, ela foi colocada no site, mas em local inacessível para os cidadãos. O TJ de Pernambuco anunciou que a lista será publicada após reformulação de seu site, o que depende de uma empresa que o tribunal contratou para executar a tarefa. O TJ do Amazonas anunciou que a lista estaria em local de fácil acesso na internet já na semana passada, o que ainda não se concretizou.O descumprimento do prazo de 31 de janeiro pelo TJ do Amapá foi justificado com outro argumento: o site do tribunal está passando por uma fase de manutenção técnica e, além disso, está em andamento uma migração para um novo portal. A assessoria de imprensa do TJ da Paraíba afirmou que houve uma troca de comando no tribunal em fevereiro e que o novo presidente ainda estava "se inteirando da administração". Após os questionamentos enviados por escrito pelo Estado, porém, a lista de veículos foi publicada no link "Transparência".A lista de carros não consta do site do TJ do Ceará, mas o tribunal alegou que qualquer pessoa interessada poderia ter acesso a ela por meio do Diário da Justiça Eletrônico. A assessoria de imprensa anunciou que os dados seriam também tornados públicos no link "Transparência" do site do órgão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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