O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira, 11, durante visita ao Parlamento sueco, que torce para que a decisão do plenário sobre a cassação ou não do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) seja respeitada. Perguntado qual seria a melhor decisão para o governo, Lula foi enfático: "Para o governo, o melhor é que a decisão da instituição seja respeitada". Veja também: Planalto vê fim da linha para senador Lobista ligado a Renan recebeu dólares em NY Veja especial do caso Renan Renan pede voto por telefone e aliados temem reviravolta O presidente não concorda que uma eventual absolvição do senador alagoano cause uma crise institucional no País, como sugeriu um jornalista presente à entrevista coletiva. "Quer dizer que se absolver vai ter problema e se condenar não tem problema?", questionou. Para Lula, independentemente da decisão do plenário, nada impede que o Ministério Público dê continuidade às investigações sobre Renan. O senador é acusado de ter contas pessoais pagas por um funcionário de uma empreiteira. Ao chegar nesta tarde ao Congresso, Renan descartou a possibilidade de renunciar ao cargo ou pedir licença da presidência da Casa. "Qualquer coisa que diga respeito a licença ou renúncia não faz parte da minha personalidade', disse. Renan lembrou que durante 120 dias "com sofrimento e com exposição da minha família venho lutando para provar minha inocência". E acrescentou: "Por isso, não tem sentido, absolutamente nenhum sentido que agora se faça isso (renúncia ou licença)." 'Preservar o Senado' Mais cedo, o senador Renato Casagrande (PSB-ES), um dos três relatores do parecer que pede a cassação do mandato do presidente do Senado, disse confiar que a maioria dos senadores vai decidir anesta quarta-feira, 12,por preservar a instituição, em vez do colega parlamentar. "O Senado vai ser julgado. Vamos condenar o Senado ou inocentar o Renan. Para inocentar o Senado teremos que condenar o Renan", afirmou. Casagrande disse estar "muito confiante" que a instituição vai responder às expectativas da opinião pública. Para ele, se Renan continuar no comando da Casa, a crise vai continuar. Quanto à possibilidade de Renan renunciar à presidência, o relator acredita que a iniciativa resolveria o problema do próprio Renan, mas não o da instituição Senado. "Vamos ter um resultado que vai referendar a preservação da instituição", disse. Já o senador Delcídio Amaral (PT-MS) prefere não fazer nenhum prognóstico sobre o resultado. Segundo ele, os partidos estão divididos. "Estão tão divididos que quem arriscar um palpite sobre o que vai acontecer amanhã, ou está por fora do que está acontecendo, ou está mentindo", disse. Delcídio informou que o PT vai se reunir logo mais para analisar o quadro, mas ele não acredita que desse encontro saia uma orientação sobre a forma como os petistas deverão votar. "Não haverá posição no sentido de absolver ou condenar", frisou. Sessão aberta Às vésperas do julgamento em plenário, na sessão que decidirá o futuro político de Renan, os senadores petistas Delcídio Amaral (MS) e Eduardo Suplicy (SP) apresentaram à Mesa Diretora da Casa um projeto de resolução para "abrir" a sessão. Diante disso, Renan admitiu em conversa com aliados que vive o dilema de já não saber quem está ou não ao seu lado. A Constituição (Art. 55) e o Regimento Interno do Senado (Art. 197) dizem que, além de o voto dos senadores ser secreto, a sessão também terá de ser fechada - sem a presença da imprensa e de funcionários do Legislativo, só com os parlamentares no plenário. A tentativa de Suplicy e Delcídio de alterarem o regimento para "abrir" a sessão dificilmente será bem-sucedida. O problema maior é conseguir aprovar o projeto a tempo de valer para a sessão de quarta. "Se a maioria não aprovar o projeto de resolução, então a votação não deverá ser eletrônica, pelo painel, mas por meio de cédula", disse o senador Gerson Camata (PMDB-ES). A idéia de votar em cédula é para permitir que os senadores usem os celulares para fotografar seus votos. Em entrevista à Rádio Jovem Pan, o senador Álvaro Dias (PSDB) disse que não defende a alteração do regimento interno do Senado para que a sessão seja aberta. Dias advertiu que, se o pedido dos petistas for feito, Renan não será julgado pelo plenário em 2007. O julgamento se refere à acusação de que Renan teria tido despesas pessoais pagas pelo lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior. Entre as despesas, pensão e aluguel à jornalista Mônica Veloso, com quem o senador tem uma filha fora do casamento. Antes de chegar ao plenário, a denúncia foi investigada pelo Conselho de Ética, que, na semana passada, aprovou parecer em defesa da cassação por 11 a 4.