Tom da propaganda abre guerra interna no partido

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Por Vera Rosa
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Dirigentes querem campanha apimentada, mas equipe diz que mudar foco para atrair classe média é bobagem O tom da campanha de Marta Suplicy no segundo turno da disputa contra o prefeito Gilberto Kassab (DEM) já divide o PT. Enquanto dirigentes nacionais do partido criticam a "pasteurização" da candidatura no primeiro turno e pedem mais pimenta na linha adotada até agora, a equipe de Marta considera que mudar o foco do confronto para atrair a classe média é "uma bobagem". As divergências abriram uma crise entre grupos petistas. Nos bastidores do PT, a avaliação é de que não basta comparar o governo Marta (2001-2004) ao de Kassab no programa eleitoral. Integrantes da Executiva Nacional acham que a propaganda do PT deve ter alto teor de politização, a exemplo do que ocorreu com a campanha da reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, quando ele disputou o segundo turno com Geraldo Alckmin (PSDB). Uma ala do partido insiste em que, além de nacionalizar a corrida municipal, o comitê de Marta precisa tratar a briga como uma espécie de plebiscito entre o PT e o PSDB PRIVATIZAÇÃO "É voz corrente no PT que devemos oferecer um combate mais político na disputa em São Paulo", afirmou Paulo Frateschi, secretário nacional de Organização. "Politizar a eleição é dizer que Kassab está privatizando a saúde, que, se ganhar, vai entregar o transporte coletivo aos empresários. Não podemos ficar só em comparações de governos e em sopa de números." Apesar de negar que o PT pregue mudanças radicais na campanha, o presidente do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP), disse que a estratégia do segundo turno precisa mostrar as conseqüências das "políticas exitosas" de Marta para a classe média, na tentativa de atrair esse segmento. "Devemos ter a humildade de reconhecer que está havendo ruído nesse diálogo", advertiu. Depois de ouvir reclamações da equipe de Marta, Berzoini divulgou nota na qual nega haver diagnóstico interno que vincule a repentina ultrapassagem de Kassab ao "salto alto" e "arrogância" da candidata, como informou o Estado. "Estamos fazendo uma abordagem positiva de como deve ser o segundo turno", desconversou. Coordenador da campanha de Marta, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) não quis esticar a polêmica e minimizou as divergências. "Ninguém veio no comitê reclamar de nada", afirmou. Zarattini garantiu que a propaganda de Marta continuará investindo em propostas para toda a cidade. "O problema não é a classe média. Existem pobres e classe média na periferia e no centro. Essa discussão é uma bobagem", reagiu. Para ele, há um "preconceito estimulado" por parte da imprensa contra o PT, Marta e Lula em São Paulo. Questionado se a campanha seria mais "politizada" para enfrentar Kassab, Zarattini devolveu com outra pergunta: "E eu sei lá o que é isso?"

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