
06 de dezembro de 2013 | 13h37
No momento em que o apoio do PP de São Paulo para a eleição estadual de 2014 é disputado pelo PT e pelo PSDB, o presidente da sigla no Estado, deputado Paulo Maluf, pediu afastamento temporário do comando da legenda. "Tirei licença do PP para aproveitar festas de ano novo e rodar o Estado em janeiro", disse Maluf ao Estado.
A decisão ocorre em meio a um racha entre os deputados federais do partido no Estado. De um lado, uma parte defende a formação de uma aliança com o atual governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), na disputa das próximas eleições de 2014. Do outro, Maluf teria sinalizado internamente defender a candidatura do PT, que indicou o nome do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para as eleições.
O ex-governador e ex-prefeito da capital estava no comando da legenda havia sete anos e vinha enfrentando um processo de disputa interna contra o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira. Quem assume em seu lugar é o deputado estadual Missionário José Olímpio. "Ele é de minha total confiança", afirmou Maluf.
A avaliação da cúpula nacional do partido é que a imagem de Maluf também está desgastada em função dos processos judiciais contra o deputado. "Existe uma corrente dentro do partido que defende o afastamento de Maluf para que se tenha um rodízio, a fim de que outros possam assumir a presidência por algum período. Foi uma decisão da maioria dos deputados de São Paulo", afirmou o deputado Guilherme Mussi, que também atuará no comando da legenda no Estado.
Nos últimos meses, dirigentes do PSDB e do PT vinham negociando o apoio da legenda ao mesmo tempo com Ciro Nogueira e Maluf. Em novembro, o PP deixou o comando da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), órgão ligado ao governo Geraldo Alckmin (PSDB), que tentará a reeleição em 2014.
A saída foi interpretada pelos petistas como uma sinalização de um rompimento com o PSDB no Estado. "A saída da CDHU foi feita a pedidos deles [PP] e devido a problemas internos [da sigla]. Nós não rompemos a conversa com o PP", afirma um dirigente tucano.
Os petistas, por sua vez, estão confiantes. "Acreditamos numa aliança. O PP sabe que o PT é um parceiro confiável", diz o presidente do PT de São Paulo, Emídio de Souza. No governo federal o PP integra a base aliada e comanda o Ministério das Cidades. Na gestão de Fernando Haddad, na capital paulista, o PP comanda a secretaria de Habitação.
"Trabalho abertamente por uma aliança com o Geraldo Alckmin. Com Maluf na presidência ficaria difícil porque ele vem dizendo aos quatro cantos que a candidatura dele é a do Alexandre Padilha. Não se pode tomar uma decisão sozinho. É antidemocrático", afirmou Mussi.
Oficialmente, o PP ainda não definiu qual partido deve apoiar em São Paulo. A aliança do partido representa 1 minuto e 18 segundos de tempo de televisão na propaganda eleitoral. No plano nacional, o apoio do PP também é disputado pelo PT e pelo PSDB, mas a tendência é de que a sigla apoie a reeleição da presidente Dilma Rousseff.
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