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‘Terrorismo’, diz Bolsonaro sobre foto que mostra abertura de novas covas em cemitério de SP

Ao falar com apoiadores, presidente voltou a criticar medidas adotadas para estimular o isolamento social, como o fechamento de comércios

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Por Emilly Behnke
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro chamou de "terrorismo" a imagem que mostra funcionários abrindo dezenas de novas covas no cemitério da Vila Formosa, na zona leste de São Paulo. Bolsonaro tem afirmado considerar que há "histeria" em relação à pandemia de coronavírus e, ao falar com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, na manhã desta sexta-feira, 3, voltou a criticar medidas adotadas para estimular o isolamento social, como fechamento de comércio e escolas, por causa dos efeitos negativos na economia. Reportagem do Estado mostra que, na Vila Formosa, sepultamentos diários tiveram aumento de 45% e a Prefeitura contratou 220 coveiros para compensar afastamentos na cidade.

"Esse vírus é igual uma chuva, vai molhar 70% de vocês, certo? Isso ninguém contesta. Toda a nação vai ficar livre de pandemia quando 70% (da população) for infectado e conseguir os anticorpos. Ponto final", afirmou. Ele disse, contudo, que uma "pequena parte da população", os mais idosos, iriam "ter problema sério". "Sabemos que vai ter morte, ninguém nega isso."

O presidente da República, Jair Bolsonaro. Foto: Joédson Alves/EFE

Segundo o dado mais recente da Organização Mundial da Saúde (OMS), os casos de covid-19 ultrapassam 1 milhão no mundo, com mais de 50 mil mortes. Só no Brasil foram 299 mortes até a quinta-feira, 2, segundo o Ministério da Saúde. O isolamento social é considerado por organismos de saúde a forma mais eficaz de se conter a propagação do vírus.

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Questionado por um apoiador sobre a imagem que mostra mais de 150 covas rasas abertas no cemitério de São Paulo, Bolsonaro respondeu apenas que considerava "terrorismo". Ontem, em entrevista à rádio Jovem Pan, o presidente já havia feito críticas ao prefeito Bruno Covas (PSDB), citando sua proximidade com o governador João Doria (PSDB), de quem é adversário. "Precisa disso?", questionou ontem o presidente.

A foto aérea repercutiu nesta quinta-feira, 2, após chegar à capa do jornal americano The Washington Post. Segundo funcionários, a alta demanda de sepultamentos por causa do coronavírus tem exigido a abertura de cerca de 90 covas por dia, o dobro do habitual. Já a Prefeitura afirma que são abertas 100 covas a cada três dias, o padrão, independentemente da pandemia. Segundo o município, as sequências de novas valas servem para “auxiliar na agilidade dos sepultamentos e cada necrópole tem dinâmica própria”.  

Nesta semana, o Brasil deve chegar a 390 mil mortos de covid. Foto: Felipe Rau/Estadão

Aos apoiadores na saída da residência, Bolsonaro disse que "a sociedade não aguenta ficar dois, três meses parada" e que "vai quebrar tudo". "Você sabe o meu posicionamento. Não pode fechar dessa maneira (o comércio), E atrás disso vem desemprego em massa, vem miséria, vem fome, vem violência", declarou.

Ao ouvir reclamações sobre demissões no comércio, Bolsonaro voltou a responsabilizar os governadores. "Por demagogia, há uma disputa entre algumas autoridades quem está mais preocupado com a vida de vocês". Bolsonaro enfatizou que o "político tem que ouvir o povo" e afirmou que "a opinião pública aos poucos está vindo para o nosso lado".

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O presidente não falou com a imprensa que o aguardava em frente ao Alvorada e ao descer do carro fez um pedido aos apoiadores que o esperavam na frente do Palácio da Alvorada: "Chega para cá, pessoal, fica longe da imprensa". Depois, chamou o grupo de jornalistas presentes de "urubus". "Eu não cheguei aqui pelo milagre da facada, né? Não ganhei a eleição para perder para esses urubus aí", disse apontando para onde os profissionais da imprensa estavam.

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