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Teori suspende depoimentos de políticos na Lava Jato

Decisão do relator do caso no Supremo atende ao pedido da Procuradoria-Geral da República que pretende refazer o calendário de diligências

Foto do author Beatriz Bulla
Por Beatriz Bulla e
Atualização:

Brasília - O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu ao pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para suspender depoimentos de políticos supostamente envolvidos no esquema de corrupção na Petrobrás que estavam marcados para esta semana. A suspensão atinge sete inquéritos que envolvem 40 investigados, entre eles os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), além do ex-tesoureiro do PT preso nesta quarta-feira, 15, na 12ª fase da Operação Lava Jato, João Vaccari Neto.

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O pedido é visto nos bastidores como uma queda de braço entre Polícia Federal e Ministério Público. Para atender o pedido do procurador-geral, Zavascki cita decisões do início de março, no momento da abertura dos inquéritos de políticos investigados na Lava Jato. Na ocasião, o ministro do Supremo apontou que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, era o "condutor incontestável das investigações". O aval de Teori Zavascki reforça a premissa de que é a PGR que comanda a investigação. Por este entendimento, caberia ao Ministério Público Federal - e não à Polícia Federal -decidir, por exemplo, a ordem dos depoimentos, quais oitivas devem ser realizadas, local e outras medidas.

Investigadores que acompanham a Lava Jato afirmam que a intenção do Ministério Público é colocar um "freio de arrumação" nas investigações. As diligências feitas nestes inquéritos teriam tomado uma "marcha" diferente da que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, entende como necessária para o caso.

O ministro do STF, Teori Zavascki Foto: Andre Dusek/Estadão

Procuradores desejam agora refazer o calendário de diligências. A intenção é retomar as oitivas a partir da próxima semana. Para isso, precisaram avisar o relator da Lava Jato no Supremo, que fiscaliza o andamento das investigações.

Entre os inquéritos que terão oitivas canceladas está o relativo a uma possível formação de quadrilha, que envolve 39 nomes de políticos e operadores. É neste caso em que são investigados Vaccari, afastado do cargo de tesoureiro nesta quarta-feira, 15, e Renan Calheiros (PMDB-AL). Os outros seis inquéritos que terão depoimentos suspensos nesta semana envolvem Eduardo Cunha, o deputado Arthur Lira (PP-AL) e o senador Benedito de Lira (PP-AL), o deputado Eduardo da Fonte (PP-PE) e os ex-deputados João Pizzolatti (PP-SC) e Roberto Teixeira (PP-PE).

Na manhã desta quarta-feira, 15, Janot chegou a comentar que a investigação dos políticos na Lava Jato "será demorada". "Essa é uma investigação que não é curta, será demorada. As diligências estão sendo cumpridas a contento, caminhamos firmes na elucidação desses fatos", comentou o procurador-geral, antes da decisão de Zavascki.

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