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''''Tentaram me atingir, mas o povo deu a resposta na eleição'''', diz Lula

Para presidente, desfecho mostra que instituições funcionam; ?quem julga na democracia é o povo?, defende Dulci

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Por Tania Monteiro
Atualização:

Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de abrir processo contra os 40 denunciados no caso do mensalão não atinge seu governo. "Tentaram, na verdade, me atingir, e 61% do povo deu a resposta na eleição do ano passado", declarou, no Planalto. Ele já havia dito, em entrevista exclusiva ao Estado publicada domingo, que não aceita isso como julgamento de seu governo. O Supremo aceitou denúncia contra a cúpula do PT durante seu primeiro governo - o hoje deputado José Genoino (SP), que presidia o partido, Delúbio Soares, então tesoureiro, e Silvio Pereira, ex-secretário-geral. E abriu processo contra o ex-ministro da Casa Civil e deputado cassado José Dirceu, que o próprio Lula dizia ser o capitão do time e era considerado o ministro mais forte da República. Ao deixar o cargo, Dirceu se despediu referindo-se ao governo como "meu governo". Ontem, Lula disse que os integrantes da oposição que querem atingi-lo "sabem perfeitamente bem o que é o processo". Mas considerou a decisão do Supremo uma demonstração de que "as instituições estão funcionando" e a democracia é sólida. "O julgamento do Supremo aconteceu dentro daquilo que previa que acontecesse num país democrático com instituições sólidas." Ele afirmou que "fica assistindo sem poder dar palpite nas decisões do STF", e que esta tem sido sua prática. "Houve um processo, houve um pedido de indiciamento, houve a aceitação desse indiciamento e, até agora, ninguém foi inocentado e ninguém foi culpado", argumentou. "Agora começa o processo de cada advogado fazer a defesa de seu paciente e o processo vai entrar em uma rotina normal. Quem tiver culpa pagará o preço, quem não tiver culpa será inocentado. E quem ganhará com isso será a democracia brasileira." INDIVÍDUOS O ministro Luiz Dulci, da Secretaria-Geral da Presidência, disse que o julgamento "não tem nada a ver com o governo", pois são processos contra indivíduos. "A decisão foi sobre os autos e não havia nada sobre o governo do presidente Lula em exame", afirmou. "O governo já foi julgado nas urnas democraticamente e recebeu aprovação consagradora", acrescentou, seguindo a mesma linha de Lula e de seus colegas Nelson Jobim (Defesa) e Walfrido Mares Guia (Relações Institucionais). "Na democracia quem julga politicamente não são as pessoas, ainda que as opiniões sejam todas respeitadas. Quem julga na democracia é o povo soberano, e o povo soberano reelegeu consagradoramente o presidente Lula." Dulci argumentou que na campanha a oposição debateu o mensalão intensamente e mesmo assim Lula foi reeleito. "O que o governo vai fazer é cumprir o mandato popular, continuar governando." Sobre o processo contra o ex-ministro José Dirceu, especificamente, ele insistiu em que não respinga de forma nenhuma no governo. "De acordo com o Código Penal, não só ele mas todos os indiciados terão direito de defesa. O processo vai tramitar e terá sua decisão de mérito, que ainda não foi tomada." Indagado sobre a afirmação do presidente do PPS, Roberto Freire, de que o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, errou ao não incluir Lula no processo, Dulci reagiu enfaticamente. "O presidente Lula, repito, foi julgado nas urnas, depois de uma disputa tremenda , de acusações de todo tipo por parte da oposição, inclusive do PPS, e recebeu consagradora aprovação. A maioria do povo, mais do que apoiar, pediu que o presidente Lula desse continuidade ao projeto vitorioso de justiça social no País. Isso é o que importa para o governo. Outras questões serão tratadas no seu fórum próprio, de acordo com o Código Penal." Dulci também garantiu que o mensalão não vai entrar na pauta do 3º Congresso do PT, que começará amanhã. "É compreensível que a oposição queira impor sua pauta ao PT. Mas é compreensível também e desejável que o PT discuta os problemas que interessam à maioria da população, que são as condições de vida, inclusão social, geração de emprego", alegou. "Se tem processo aberto no STF, que ele tramite, que as pessoas tenham pleno direito de defesa, como certamente terão e, no momento oportuno, a Suprema Corte dará seu veredicto."

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