Tenho medo de que nos esqueçam, diz desalojada do Rio

Desabrigada está em escola estadual perto do Morro dos Prazeres, onde deslizamentos causaram 26 mortes.

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Por Caio Quero
Atualização:

A jovem Tayene Wullyane da Silva, de 22 anos, está abrigada desde a última sexta-feira em um colégio estadual próximo ao Morro dos Prazeres, comunidade do Rio de Janeiro atingida por deslizamentos. Ela morava com os pais e os dois filhos, Marcus Paullo, de poucos meses de vida, e Emilly Caroline, de dois anos. Tayene se diz satisfeita com o abrigo - no qual a reportagem da BBC Brasil não teve autorização da prefeitura para entrar -, embora se preocupe com seu destino nos próximos meses. "Tem comida, eles dão comida direitinho, tem colchonetes. Tem banheiros. Desamparados, no momento, nós não estamos não." Embora estejam seguros no local, as lembranças das chuvas que deixaram ao menos 26 mortos no morro ainda estão muito presentes. "Um barulho mais forte lá (na escola), o pessoal pula", diz. Medo A ida de Tayene para o abrigo começou na madrugada de segunda para terça-feira, quando um deslizamento perto de sua casa assustou a família, fazendo com que eles se refugiassem na casa de uma vizinha. Algumas horas depois, na manhã de terça-feira, houve mais um grande deslizamento no morro. "Foram embora muitos amigos nossos", diz Tayene, que teve parte da casa onde morava parcialmente destruída. Depois de fazer um cadastro com a Defesa Civil, finalmente foram levados para a escola. "Nos disseram que talvez dessem aluguel social ou uma casa para gente, mas meu medo é tirarem aqueles corpos de lá (do Morro dos Prazeres) e abandonarem a gente, esquecerem que a gente existe", diz Tayene. "Falar que vai fazer e acontecer é fácil, ainda mais em um ano de eleição." BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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