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Temporão quer fim de anúncios de remédios em crise da dengue

Por PEDRO FONSECA
Atualização:

O Ministério da Saúde pretende suspender a propaganda de alguns medicamentos com a intenção de diminuir a automedicação em meio à epidemia de dengue no Estado do Rio de Janeiro, disse o ministro José Gomes Temporão nesta sexta-feira. Temporão afirmou que pediu à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que entrasse em contato com os laboratórios fabricantes de medicamentos com a substância paracetamol e de remédios contra-indicados para casos de dengue para solicitar que suspendam a publicidade "voluntariamente". "O que eu fico preocupado é que nesse momento fique passando na televisão e no rádio propaganda de remédio. Isso não é hora de propaganda, é hora de procurar o médico", declarou Temporão a jornalistas. Após participar de um debate sobre a doença com representantes da sociedade civil na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Temporão explicou que o problema com o paracetamol é a automedicação, e não o uso do medicamento quando indicado por médicos. "Esse medicamento (paracetamol) usado de maneira inadequada, em dose excessiva em crianças ou adultos, pode levar a grandes danos hepáticos", afirmou o ministro. O pedido do Ministério é para que os laboratórios utilizem seus horários comerciais para alertar a população sobre a doença. Em seu protocolo para os médicos envolvidos no tratamento de pacientes com dengue, o próprio Ministério da Saúde recomenda o uso dos medicamentos paracetamol e dipirona para combater os sintomas de febre e dores no corpo, e faz um alerta para que salicilatos e antiinflamatórios não hormonais sejam evitados. Desde o início da crise de dengue, que já matou 67 pessoas no Estado este ano em mais de 57 mil casos, o paracetamol vem sendo entregue aos doentes nos postos de atendimento. De acordo com Temporão, o risco decorre apenas do uso exagerado e sem orientação médica. O ministro informou que a medida é preventiva, após a constatação de casos suspeitos. "Se a pessoa tomar por conta própria uma dose excessiva, pode, em vez de resolver o problema, causar outro tão grave quanto a dengue", disse ele. A Anvisa emitiu comunicado no final da tarde informando que solicitou à Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição (Abimip) que oriente os fabricantes de analgésicos para a necessidade de suspensão temporária da propaganda desses medicamentos. Segundo a agência, "o uso desses medicamentos pode retardar os sintomas da dengue, dificultando o diagnóstico e atrasando o tratamento da doença". GUIAS CONTRA DENGUE Temporão esteve no Rio de Janeiro para a inauguração de mais uma tenda de hidratação do governo do Estado para pacientes com dengue. As tendas foram uma alternativa criada pelo Estado para tentar diminuir a superlotação dos hospitais. Na capital fluminense, os 37.908 casos de dengue registrados até o momento este ano já superam os 25.107 casos de todo o ano passado. O governador Sérgio Cabral, também presente ao evento, anunciou mais duas medidas para tentar conter a doença. A mais urgente será o recrutamento de 4.000 jovens que atuaram nos Jogos Pan-Americanos do ano passado como guias cívicos, formados em um programa social do governo federal. Os guias, na maioria moradores de comunidades carentes, passarão por um treinamento e vão trabalhar no combate a focos de criação do mosquito "Aedes aegypti". "São jovens capacitados para o exercício do trabalho cidadão. Eles vão passar por um treinamento técnico e nós vamos colocá-los a serviço do combate à dengue", disse o governador. O segundo plano anunciado por Cabral é a realização de um concurso público para a contratação de 3.500 soldados para o corpo de bombeiros. O governador não informou quando será realizada a seleção. Cerca de 1.200 bombeiros já atuam no combate à dengue no Estado. Segundo Cabral, a participação da corporação "foi responsável por impedir um número ainda maior de casos e óbitos decorrentes da dengue".

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