BRASÍLIA - Antes do resultado final da eleição para o comando da Câmara, o Planalto já comemorava a vitória do governo interino contra o PT, a presidente afastada Dilma Rousseff e seu padrinho Lula. “Ganhamos”, disse um auxiliar de Michel Temer ao presidente em exercício, no 3.º andar do Planalto. Era o fim do 1.º turno e o placar indicava que haveria disputa entre Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Rogério Rosso (PSD-DF). Temer abriu sorriso.
A eleição do novo presidente da Câmara representou duelo entre governo interino e discípulos de Dilma. Tudo foi feito no Planalto para desidratar a candidatura de Marcelo Castro (PMDB-PI), ex-ministro da petista que votou contra o impeachment. Adversário de Eduardo Cunha no PMDB, Castro ficou conhecido como o “anti-Cunha” na briga pelo mandato-tampão.
A vitória de Maia, que teve apoio do governo e do PSDB, indica que Temer tem base de sustentação na Câmara para aprovar medidas amargas, como a criação do teto para gastos públicos e a reforma da Previdência. Para o Planalto, o resultado terá impacto na votação do impeachment de Dilma no Senado, em agosto, pois sinaliza que o grupo da petista está enfraquecido.
Todo o esforço do Planalto foi feito para derrotar Castro, que era apoiado pelo PT. Aos poucos, Temer dá sinais de que também quer se afastar do peso de Eduardo Cunha, réu da Operação Lava Jato, e ganhar independência do Centrão. Temer quer uma nova cara para um novo governo. Resta saber se conseguirá.