Temer relutou em aceitar CPMF, mas deu aval, afirma aliado

Ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, que acompanha vice no exterior, diz que Dilma ligou para pedir apoio à volta da CPMF

PUBLICIDADE

Por Andrei Netto
Atualização:

MOSCOU - Antes que os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, anunciassem em Brasília os cortes no orçamento, na segunda-feira, a presidente Dilma Rousseff conversou por telefone com o vice-presidente Michel Temer, que está em viagem oficial Rússia. Segundo ministros do PMDB que acompanharam o diálogo telefônico, o vice, que havia se mostrado avesso ao retorno da CPMF na semana passada, teria "compreendido" os argumentos da presidente.

Com isso, de acordo com o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, a divergência sobre o assunto foi considerada superada.

O telefonema aconteceu pouco antes das 16h, horário de Brasília, 22 horas em Moscou. Dilma informou Temer sobre a amplitude dos cortes e do aumento de impostos, medidas destinadas a preencher o rombo e chegar ao superávit de 0,7% do PIB em 2016.

Vice-presidente Michel Temer visita estande do Brasil em feira, em Moscou Foto: Romério Cunha/Vice Presidência

PUBLICIDADE

Na visita oficial à Rússia, Temer está acompanhado de seis ministros - todos do PMDB. Na terça ele se recusou a falar sobre CPMF e os cortes. Questionado pelo Estado se apoiaria o retorno da contribuição, o vice-presidente ignorou a pergunta, deixando o local da entrevista.

Segundo Alves, porém, Temer teria aceitado os motivos alegados por Dilma para insistir na proposta. "Ele concordou com a argumentação que ela (Dilma) fez, com as motivações que ela apresentou. Ao chegar ao Brasil ele vai trabalhar para ajudar nessa relação com o poder Legislativo", disse Alves.

Outro ministro a confirmar o teor do diálogo foi Edinho Araújo, titular da Secretaria dos Portos. "A Dilma mesma ligou pouco antes das 16h. Ligou e explicou", disse ele. Segundo Araújo, Temer havia discordado do retorno da CPMF por ter sido pego de surpresa pela proposta.

"Foi a forma como ela foi apresentada. Ele estava em São Paulo para um debate com empresários em uma quinta-feira e soube assim. Ele reagiu naquele momento", afirmou. "Ontem (segunda-feira) ela voltou a explicar todo o elenco de medidas e agora vai para o debate."

Publicidade

Questionado se Temer apoiaria ou não o retorno da contribuição, Araújo desconversou: "Converse com ele. Mas ele concordou com a apresentação que ela fez, com a argumentação que ela apresentou."

Além de Dilma, outro a telefonar na segunda-feira a Moscou foi Levy. "Ele ligou ontem. Perguntou como estava o acompanhamento das emendas que estamos liberando, perguntou se estava tudo bem, se estava se processando normalmente", contou Alves. Questionado se o telefonema revela um maior cuidado do núcleo do governo na relação com os líderes do PMDB, Alves afirmou: "É uma prova, não é? Não só com os ministros do PMDB, mas com o governo como um todo, com o compromisso de mais diálogo e mais cuidado. Afinal, emendas são um direito do parlamentar. O parlamentar tem direito".

Apoio. Questionado sobre o Congresso Nacional apoiará o pacote de cortes e o aumento de impostos, além da recriação da CPFM, Alves demonstrou confiança. "Acho que tem chances se for bem debatido, bem explicada, bem fundamentada."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.