Temer é reconduzido à presidência do PMDB com 96% dos votos

Durante a convenção, vice-presidente ouviu apelos de 'Brasil pra frente, Temer presidente'

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Por Daniel de Carvalho , Beatriz Bulla , Julia Lindner , Leonencio Nossa e Adriana Fernandes
Atualização:

O vice-presidente da República, Michel Temer, foi reconduzido à presidência nacional do PMDB com 537 votos (96% do total de 559 votos). Ao todo, 11 votaram não, seis votaram em branco e cinco votos foram nulos. Em meio a apelos para que o PMDB desembarque do governo da presidente Dilma Rousseff, e gritos de “Brasil pra frente, Temer presidente”, o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP), defendeu neste sábado, durante a convenção nacional do partido, a unidade da legenda para “resgatar os valores da República e reencontrar a via do crescimento econômico e do desenvolvimento social”.

Michel Temer continua sendo o presidente do PMDB Foto: André Dusek/Estadão

“O nosso PMDB sempre teve diversidades internas, mas converge em todas as ocasiões em que é preciso cuidar do País”, afirmou. Sem fazer críticas à administração petista, mas também sem mencionar a possibilidade de rompimento, Temer disse que “não é hora de dividir os brasileiros, de acirrar os ânimos, levantar muros”. “A hora é de construir pontes e é o que o PMDB está e estará fazendo”, afirmou o vice-presidente. Em menos de dez minutos de fala, Temer disse não ser possível ignorar as crises política e econômica, que ele chamou de “gravíssimas”. “O quadro recessivo, o desemprego crecente, a carestia são realidades que precisam ser combatidas”, afirmou, salientando que o PMDB tem oferecido propostas como a “Agenda Brasil” e o “Uma Ponte para o futuro”, apelidado de “Agenda Temer”. O vice-presidente afirmou que, em breve, o partido apresentará a já chamada “Agenda Temer 2”, com propostas na área social. A convenção do foi marcada por uma série de discursos e moções que pediam o rompimento com o governo. Uma “Carta de Brasília” foi lida pelos oposicionistas. O documento pede o desembarque imediato, mas a cúpula do partido decidiu que a decisão oficial será tomada em 30 dias. Governistas pressionaram para que o “aviso prévio” fosse maior. O ministro do Turismo, Henrique Alves, queria 60 dias, segundo o Estado apurou. Apenas a ala contrária ao governo discursou. Governistas como o ministro da Saúde, Marcelo Castro, e o deputado Mauro Lopes (MG), cotado para assumir a Secretaria de Aviação Civil nesta semana, foram convidados a falar pelo oposicionista Geddel Vieira Lima (BA), mas recusaram. A plateia era formada majoritariamente por críticos da presidente Dilma Rosuseff e apoiadores do vice-presidente da República, Michel Temer. Os militantes gritavam “fora, Dilma” e “saída, já”, inscrição que estava em adesivos afixados à roupa de parlamentares como a senadora Marta Suplicy (SP). Apenas uma mulher pediu a saída do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), gritando “fora, Cunha”. A “Carta de Brasília” foi elaborada por deputados federais e senadores como Romero Jucá (RR). O senador Valdir Raupp (RO) já se disse favorável ao desembarque. O grupo ainda tenta convencer apoiadores do governo, como o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), a apoiar abertamente o desembarque. No documento, os peemedebistas dizem que “demônios” exorcizados da sociedade brasileira voltaram ao País, como a inflação e o desemprego. “Na base de tudo está uma condução desastrada do País, sem rumo e sem esperanças de melhora para a sociedade”. O documento chama o governo atual de “inchado” e “desacreditado”. “Diante de tal quadro, o PMDB não pode ficar de braços cruzados. É hora de nos posicionarmos, claramente, ao lado da sociedade e dos mais altos interesses nacionais”.

O PMDB tem atualmente, além da Vice-Presidência, seis ministérios – Saúde, Ciência e Tecnologia, Minas e Energia, Agricultura, Turismo e Portos. Na próxima semana, deve receber também a Secretaria de Aviação Civil, oferecida à bancada de Minas Gerais em troca de apoio à recondução do governista Leonardo Picciani (RJ) à liderança do partido na Casa. Na carta, a ocupação de pastas é alvo de crítica. “Considerando a manifesta insatisfação dos filiados com a participação do PMDB nacional nos quadros do governo federal, traduzindo a idêntica perplexidade popular ante a ausência absoluta de perspectivas para o futuro. Se o desembarque se confirmar, os ministros serão orientados a deixar as respectivas pastas. A ala oposicionista acredita que os focos de resistência serão pontuais, pois a maioria aceitará abrir mão do cargo tendo em vista a perspectiva de que Temer assuma a Presidência, caso Dilma seja derrotada no processo de impeachment no Congresso. 

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