Temer é instrumento servil de posição de Bolsonaro ao extraditar Battisti, diz Tarso Genro

Ex-ministro da Justiça concedeu refúgio político a Battisti em 2009; Tarso considerou uma decisão 'entre dois governos de extrema direita'

Foto do author Daniel  Weterman
Por Daniel Weterman
Atualização:

O ex-ministro da Justiça Tarso Genro, responsável por conceder refúgio político a Cesare Battisti em 2009, afirmou que o presidente Michel Temer foi um "instrumento servil" da posição do presidente eleito, Jair Bolsonaro, ao assinar a extradição do ex-ativista italiano. Temer tomou a decisão nesta sexta-feira, 14, após o Supremo Tribunal Federal (STF) decretar pedido de prisão e a Polícia Federal considerar o italiano foragido. 

Ex-governador do Rio Grande do SulTarso Genro (PT) Foto: Dida Sampaio/Estadão

PUBLICIDADE

Em entrevista ao Estadão/Broadcast, Tarso Genro afirmou que a extradição é um acordo político entre dois governos de extrema direita, referindo-se ao futuro governo brasileiro e ao governo italiano, e não é uma decisão jurídica. Na quinta-feira, 13, o ministro Luiz Fux, do STF, determinou a prisão de Battisti e abriu caminho para a extradição.

"Acho que isso aí foi um acordo entre dois governos de extrema direita, um acordo político. Não é uma decisão jurídica", afirmou o ex-ministro. "O Temer está sendo apenas um instrumento servil dessa posição (de Bolsonaro) que, na minha opinião, não é fundamentável juridicamente."

Juridicamente, afirmou o petista, a decisão de conceder refúgio político ao italiano durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi tomada após decisão do Supremo Tribunal Federal e percorreu "os caminhos normais".

Para o ex-ministro, a decisão desta sexta-feira só favorece a Bolsonaro e vai ser rapidamente "superada" por conta do apoio que o presidente eleito tem na sociedade. "Acho que não vai ter repercussão nenhuma, vai ser rapidamente superada porque hoje existe uma unidade muito grande no País dos meios de comunicação e dos setores políticos mais organizados de direita em torno do governo Bolsonaro." 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.