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Temer diz que críticas de Renan 'não o surpreendem'

'Ele sempre agiu dessa maneira, ela vai e volta', disse o presidente em entrevista à rádio Bandeirantes

Por Carla Araujo
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente Michel Temer afirmou há pouco, nesta quinta-feira, 6, que o comportamento do ex-presidente do Senado e líder do PMDB na casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), que tem feito críticas à condução do governo não o surpreende. “Eu compreendo o Renan, as dificuldades dele, de alguma maneira, ele sempre agiu dessa maneira, ela vai e volta”, afirmou o presidente em entrevista à rádio Bandeirantes. “Estou tratando politicamente com muito cuidado, até porque eu não posso a todo momento estar brigando”, completou.

O presidente Michel Temer (PMDB) Foto: André Dusek|Estadão

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Segundo Temer, ele não se sente “abandonado” e que tem tido apoio da maior parte dos deputados e senadores. O presidente repetiu que não toma benefícios populistas, que causam benefícios no curto prazo e depois grandes dificuldades. “E foi o que aconteceu no passado”, afirmou, destacando o déficit das contas públicas. “O que eu tomo são medidas populares, são aquelas que demandam o reconhecimento posterior.”

Temer disse ainda que não se assusta com sua baixa popularidade e afirmou que  precisa continuar com as reformas que são necessárias para o país

Nesta quarta-feira, 5, Renan repetiu que "o presidente Michel Temer não tem para onde ir". Em meio às críticas do ex-presidente do Senado, Temer iniciou uma ofensiva com os senadores do partido para conter possíveis dificuldades adicionais para a aprovação da Reforma da Previdência. O movimento busca neutralizar a força e a influência de Renan - que é líder da bancada - sobre os senadores

Temer recebeu quatro senadores peemedebistas no Palácio do Jaburu, também na quarta-feira: a senadora Rose de Freitas (ES), Garibaldi Alves (RN), João Alberto Souza (MA) e Valdir Raupp (RO). Também nesta quarta-feira, Temer almoçou com o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e com os senadores Airton Sandoval (PMDB), que assumiu a vaga com a licença de senador paulista Aloysio Nunes que agora é ministro das relações exteriores. Também participou do almoço o senador Elmano Férrer (PMDB-PI).

Apesar da ofensiva de certa forma "isolar" Renan, auxiliares do presidente reforçam que ele nunca fechou a porta para o ex-presidente do senado e que tem - ao longo de diversas crises que já enfrentou com Renan - procurado manter o dialogo de forma direta ou por meio de ministros - como Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência). "O presidente tem um perfil de diálogo e vai conversar sempre com quem quiser conversar. A ideia é cozinhar galo velho em fogo branco", afirmou um interlocutor.

A ordem é evitar enfrentamento e a o efeito cascata que as declarações críticas de Renan possam trazer ao governo. Temer - segundo uma fonte - está "obstinado" com a reforma da previdência, não quer despender energia com outra coisa e sabe que qualquer dificuldade adicional pode transformar uma marola em um tsunami. Um auxiliar reconheceu que é preciso acalmar o ânimo de Renan para evitar que esse desgaste prejudique ainda mais os difíceis trabalhos para a aprovação da reforma, que depende do elevado quórum nas casas.

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