PUBLICIDADE

Temer diz não se preocupar com movimentos de rua

Para presidente da República faz declaração a investidores, em São Paulo

PUBLICIDADE

Foto do author Francisco Carlos de Assis
Por Francisco Carlos de Assis (Broadcast) e Álvaro Campos
Atualização:
O presidente Michel Temer em evento com investidores, em São Paulo Foto: Miguel Schincariol|AFP

O presidente da República, Michel Temer, afirmou na noite desta quinta-feira, 1, que manifestações de rua não preocupam o governo. A declaração foi dada no evento Brazil Opportunities Conference - Looking Beyond the Storm, promovido pelo banco norte-americano JPMorgan, em São Paulo. "Dizem que tem havido preocupação do governo com movimentos de rua. Isso não atrapalha, é fruto da democracia. Não estamos preocupados com isso. Chegamos a uma fase da democracia que nos permite receber com muita tranquilidade esses movimentos, claro que não os de depredação. A Constituição garante o direito de livre manifestação, não de livre depredação. Quando se vê isso temos de manter a ordem, mas não deve nos preocupar", afirmou. Temer disse que a tarefa das autoridades é construir pontes entre o Estado e a sociedade. Segundo ele, se de um lado o Executivo deseja uma relação profícua com o Congresso, por outro lado não pode esquecer da opinião pública. "Construir pontes é fundamental. Isso se faz com a participação natural da iniciativa privada em atividades do poder público e ouvindo a opinião pública. Executivo e Legislativo têm de levar muito em conta a opinião pública. É preciso pacificar o País. Nós somos conciliadores, não podemos viver permanentemente em atrito." Segundo ele, o governo vê isso como uma fase que o Brasil está vivendo, que é a democracia da eficiência. "O que as pessoas mais querem é eficiência, tanto que os rótulos ideológicos caíram por terra. Ninguém quer saber se você é de esquerda ou de direita, isso perdeu a graça. Eles querem eficiência. Se o governo for eficiente, eles se dão por satisfeitos". Ele afirmou que pode haver atrito de ideias, mas não de pessoas. "Nos últimos tempos, lamentavelmente, o atrito não tem sido de ideais, de pensamentos, mas físico, de depredação. Temos de partir para a pacificação do País", disse. Temer afirmou que, na história do Brasil, a cada 25, 30 anos existe uma crise institucional, mas que seu governo quer romper esse padrão. "Eu sou muito claro em dizer que há conflitos. Passamos por um momento traumático que foi o impedimento do governo anterior, então naturalmente temos vozes do impedimento que ainda se manifestam com muito vigor". O presidente reclamou dos movimentos que tentam taxar seu governo como destruidor dos investimentos em saúde e educação e admitiu que tem sofrido muita pressão desde que se mudou para o Palácio do Planalto. "Mas isso não me impressiona, faz parte da vida", comentou. Falando aos investidores presentes no evento, ele pediu ajuda para mostrar ao mundo que o Brasil está no caminho certo. "Embora muitas vezes haja preocupação com o que está acontecendo no País, gostaria de deixar uma mensagem de esperança e otimismo. Não recuaremos nem nos deixaremos distrair do que é essencial para recuperar a economia e empregos. Penso que agora o Brasil tem um rumo certo e, se vocês apoiarem, em menos tempo do que se espera teremos a saída da recessão, com crescimento, pleno emprego e tranquilidade no País". Ele insistiu que o investidor precisa saber que há tranquilidade e segurança jurídica no Brasil. "Muitas vezes as pessoas querem legislar demais e isso significa criar instabilidade. Em matéria de tributação isso é um horror." 

PUBLICIDADE

Ansiedade. Temer pediu à sociedade que controle a ansiedade em torno da celeridade por resultados rápidos no âmbito econômico. "Há certa ansiedade para que tudo se resolva em quatro, cinco, seis meses. Historicamente, economia e política em qualquer país não se resolvem em seis meses. A ansiedade precisa ser controlada. É preciso que haja serenidade, paciência em relação aos fatos que ocorrem em nosso País", disse o presidente. Ainda de acordo com Temer, "não há uma vara de condão que recupere da noite para o dia uma economia que foi golpeada por alguns anos por uma política equivocada".

Segundo Temer, primeiro é preciso enfrentar a recessão para depois a economia começar a crescer. "O que estamos precisando fazer, para usar uma palavra singela, é por a casa em ordem. Para isso é preciso ter alguns pressupostos para tirar países da recessão", disse, acrescentando que há no País certa unidade no governo para enfrentar a recessão. Temer voltou a afirmar que quando assumiu o governo registrava um déficit orçamentário de R$ 96 bilhões, que depois se verificou que era de R$ 170,5 bilhões. "Hoje se fala bilhões como se fosse nada, mas falar em um déficit de R$ 170,5 bilhões é uma coisa extremamente preocupante", afirmou. 

Previdência. O presidente afirmou ainda que o governo deve enviar na próxima semana uma proposta de reforma da Previdência para o Congresso. Segundo ele, a PEC do Teto dos Gastos é importante, mas não suficiente para garantir a credibilidade do governo e reverter a recessão. "Precisamos caminhar mais e é isso que faremos na próxima semana, quando enviaremos ao Congresso a PEC que visa a readequar a Previdência Social, porque o déficit da Previdência será de quase R$ 100 bilhões este ano", afirmou. Temer disse que os governos estaduais estão praticamente quebrados e que, parte disso, é em função da Previdência. "Não podemos ignorar a difícil situação pela qual passam os Estados, em função de equívocos do passado, em particular na área da Previdência. Os próprios governadores pedem que encartemos no nosso projeto da Previdência regras que modifiquem os parâmetros e se apliquem ao Estados", comentou. De acordo com ele, quando o governo enviar a reforma da Previdência, também cuidará das relações trabalhistas. O presidente citou entre os possíveis pontos de mudança a possibilidade de o acordado valer sobre o legislado, que já foi referendado pelo Supremo

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.