Temer defende rodízio entre PT e PMDB na presidência da Câmara

Vice endossa fórmula em que partido com a maior bancada abre mão do posto no primeiro biênio. PT terá 88 deputados; PMDB, 79

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Por MARINA GUIMARÃES
Atualização:

BUENOS AIRES - O PMDB não pretende criar problemas para a presidente eleita Dilma Rousseff por causa da disputa pelas presidências da Câmara e do Senado e da distribuição de cargos no novo governo, disse nesta quinta-feira, 11, o vice-presidente eleito e presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP).Em entrevista a correspondentes brasileiros em Buenos Aires, ele afirmou: "O PMDB não vai criar problemas para o governo logo no início da gestão por uma razão óbvia: o PMDB é membro do governo". "Estamos trabalhando para que essa sucessão não seja um fator traumático nesse início de governo", disse Temer.A respeito da disputa pela presidência da Câmara, Temer disse que insiste na proposta já adotada, a do rodízio. "Estou insistindo para repetir o que fizemos nesse período, no qual o PMDB abriu mão do primeiro biênio na Câmara para o PT e deu certo." Em 2007, o PMDB, que tinha a maior bancada, abriu mão da presidência da Câmara em prol do PT. A partir de 2011, no entanto, será o PT o partido com o maior número de representantes na Casa - ou seja, pela lógica, seria a vez de o PT abrir mão do posto. O deputado Henrique Eduardo Alves, do PMDB do Rio Grande do Norte, é uma das apostas do partido para ocupar a presidência da Casa.

 

 

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Contudo, ele salientou que a mesma fórmula não pode ser repetida no Senado porque existe um dispositivo que diz que a presidência é da maior bancada da Casa, neste caso, a do PMDB.Com relação aos cargos no novo governo, Temer afirmou que o melhor é manter a atual equação. "Se houver necessidade de mudança de pasta, o correto é que se dê àquele partido outra pasta equivalente à que ele ocupava. Assim, não termina em queixa. Os partidos estão dispostos a colaborar", disse.O líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves, disse ser impossível implementar um rodízio no Senado, ressaltando que uma mudança na norma da Casa está descartada. Também em Buenos Aires, onde participa com Temer e outros deputados e senadores do 6º Foro Ibero-Americano de Parlamentares, o líder do PMDB advertiu: "Vamos para a disputa" (se não houver um acordo com o PT).Com relação à presidência da Câmara, porém, o líder peemedebista defendeu que seu partido tem direito ao primeiro biênio. "A maior bancada na Câmara nos últimos quatro anos era do PMDB, mas cedemos o primeiro biênio ao PT. Cedemos o que era nosso direito e gostaríamos de repetir esse procedimento, e é natural que o primeiro biênio agora seja do PMDB", disse Alves.Alves informou que o PMDB vai esperar o PT decidir quem será o candidato para negociar. "Feito isso, vamos nos sentar em uma sala até que a fumaça branca saia porque, no dia seguinte, o candidato tem de sair em busca de consenso, já que a Câmara vai ter desafios políticos enormes, como as reformas política e tributária", afirmou.

 

Com informações de André Mascarenhas

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