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Temer busca atrair partidos da base a projeto eleitoral do MDB

Presidente deu início, nas últimas semanas, à ofensiva para tentar atrair partidos para sua órbita, mesmo aqueles que lançaram pré-candidatos ou que já anunciaram apoio a outros presidenciáveis

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Por Igor Gadelha e Carla Araujo
Atualização:
Presidente Michel Temer Foto: Andre Dusek/ Estadão

BRASÍLIA – O presidente Michel Temer não conseguiu usar a reforma ministerial para amarrar os partidos de sua base aliada ao projeto eleitoral do MDB. Fragilizado, após a Operação Lava Jato atingir alguns de seus amigos próximos e trazer de volta o risco de uma terceira denúncia pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Temer preferiu manter no governo partidos que lançaram pré-candidatos ou que já anunciaram apoio a outros presidenciáveis.

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Sem o compromisso da base e sem muito a oferecer na reta final do governo, o presidente deu início, nas últimas semanas, à ofensiva para tentar atrair esses partidos para sua órbita eleitoral. O emedebista passou a reunir presidentes dessas legendas para conversas sobre eleições e fez questão de prestigiar jantares partidários para comemorar a entrada de novos filiados.

Na terça-feira (10), Temer chamou o presidente do PRB, seu ex-ministro Marcos Pereira, para sondar a possibilidade de o partido apoiar o projeto do MDB, seja ele próprio o candidato ou o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles. O PRB manteve o comando do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) mesmo após lançar o empresário Flávio Rocha, dono das lojas Riachuelo, como pré-candidato à Presidência.

Na conversa, que aconteceu no Palácio do Planalto e constou da agenda oficial, o dirigente do PRB afirmou que a legenda está levando a sério a candidatura de Rocha. Mas não fechou completamente as portas. Disse que, caso o empresário não se viabilize, o PRB poderá oferecê-lo como candidato a vice-presidente na chapa de algum postulante de centro, que pode ser o MDB, PSDB ou DEM.

No mesmo dia da conversa com o PRB, Temer fez questão de participar de jantar promovido pelo PR para saudar os novos deputados do partido. Ao chegar ao encontro, cumprimentou os parlamentares uma a um e discursou por 15 minutos, enaltecendo a aliança com a sigla, que ocupa o Ministério dos Transportes desde início de seu governo, em maio de 2016.

O PR passou a ser um dos partidos mais procurados por presidenciáveis após a condenação e prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O partido anunciou que, caso o ex-presidente consiga uma liminar para ser candidato, a sigla estará junto com o petista no pleito.

Na semana anterior, Temer já tinha participado de jantar do PP na casa do presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI). O PP tem dado suporte à pré-candidatura ao Planalto do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

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"O presidente faz questão de estar junto com os partidos de sua base, especialmente quando comemoram o crescimento de suas bancadas.", disse ao Broadcast o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. Temer também procurou o PTB. Em conversa com o ex-deputado Roberto Jefferson, ouviu do presidente do partido que o PTB seguirá apoiando o governo, mas já se comprometeu a apoiar a candidatura do ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB).

O PTB se dispôs a entregar o Ministério do Trabalho, mas Temer manteve o comando da Pasta com a sigla. "O objetivo é promover, digamos assim, a mesma equação político-administrativa, ou se quiserem, político-congressual. Nós mantivemos essa equação precisamente porque o passado deu certo. E esse presente nos conduzirá para um futuro muito mais saudável ainda do que já obtivemos até agora.", justificou Temer em discurso na primeira reunião com sua nova equipe de ministros nesta semana.

Aliados dizem que, mesmo atingido pela Lava Jato, Temer segue com seu projeto eleitoral. Enquanto o pleito não chega, o emedebista precisa do apoio dos partidos da base aliada para aprovar matérias econômicas importantes no Congresso Nacional, entre elas, a privatização da Eletrobrás e a reoneração da folha de pagamento.

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Mais ainda: precisa do apoio dos deputados dessas siglas para barrar uma eventual terceira denúncia da PGR. Enquanto o presidente tenta angariar apoio eleitoral, Meirelles deu início à agenda de viagens pelo País em busca de se tornar mais conhecido e, assim, se viabilizar como o candidato à reeleição.

Na quinta-feira, foi a Rio Verde (GO), onde participou de feira ligada ao agronegócio, mesmo setor que visitou em agenda no interior de São Paulo na sexta. Para esta semana, Meirelles tem agendada participação em evento do banco Santander em São Paulo e quer fechar a contratação de uma equipe de campanha, com marqueteiro e outros assessores. Também participará, entre 18 e 21 de abril, de fórum do Lide no Recife (PE). Na cidade, também irá a cultos evangélicos. 

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