Brasília -O presidente Michel Temer agiu pessoalmente nessa quarta-feira, 4, para evitar que insatisfações na bancada do PSD afetem a votação da segunda denúncia na Câmara. Como mostrou o Broadcast Político há uma semana, o líder do partido na Casa, Marcos Montes (MG), diz que a bancada está "muito insatisfeita" com o governo, que pode fazer com que alguns deputados mudem o posicionamento da primeira denúncia e decidam votar contra o presidente desta vez.
Temer foi informado da crise na bancada do PSD pelo ministro Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações), que comanda a legenda. Kassab esteve com o presidente no início da tarde de quarta-feira, após participar de café da manhã com deputados da legenda. No encontro com o ministro, parlamentares relataram que estão "muito insatisfeitos" com o governo. O principal motivo seriam promessas não cumpridas relacionadas à liberação de cargos e emendas.
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Logo após a reunião com Kassab, Temer ligou para o líder do PSD. "Ele me pediu que levantasse essas insatisfações urgentemente e trouxesse para discutir", afirmou Montes ao Broadcast Político. "Falei para o presidente. Não são só emendas, é desprestígio", acrescentou. Segundo ele, muitos parlamentares alegam que se desgastaram ao votar a favor de Temer na primeira denúncia e tiveram o mesmo tratamento de deputados da base aliada que votaram contra o presidente.
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Se as insatisfações não forem resolvidas, o líder do PSD calcula que a bancada poderá dar até 22 votos pela aceitação da segunda denúncia contra Temer, dessa vez por obstrução de justiça e organização criminosa. Na primeira denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), por corrupção passiva, a bancada do partido deu 14 votos contra Temer e 22 a favor. Outros dois deputados da sigla se ausentaram.
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Montes disse que passou a tarde e o início da noite de quarta recebendo deputados para mapear as insatisfações. Ele pretende entregar o levantamento para Temer em breve. Questionado, o líder não quis publicizar os pedidos dos parlamentares, para não expô-los. Ele acredita que, além das insatisfações, a análise conjunta da denúncia contra Temer e os dois ministros pode ser "perigosa" para o presidente.