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'Tem um bando de aloprados no Palácio que vive de criar constrangimentos', diz Cunha

Acusado por delator da Lava Jato de ter pedido propina, presidente da Câmara diz que o governo sempre o viu como pedra no sapato e que faz tudo para derrotá-lo

Por Daniel de Carvalho e Victor Martins
Atualização:

BRASÍLIA – Se dizendo “indignado, muito indignado” com o que chamou de “orquestração política” para derrotá-lo, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse haver no Palácio do Planalto “um bando de aloprados” que, segundo ele, “vive de criar constrangimentos”.

“O governo faz tudo para me derrotar”, afirmou Cunha em quase uma hora de entrevista na manhã desta sexta-feira, 17. “Tem um bando de aloprados no Palácio que vive de criar constrangimentos”, disse o presidente da Câmara. “O governo sempre me viu como uma pedra no sapato. O governo não me queria, nunca me quis e não me quer como presidente da Câmara. O governo não me engole”, afirmou.

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADAO

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Cunha se disse vítima de perseguição do governo em conjunto com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. “A Procuradoria-Geral da República escolheu a mim porque mais de um delator me citou”, afirmou, reiterando que Janot pressionou o lobista Julio Camargo a mudar seu depoimento. Na quinta-feira, 16, Camargo disse que Cunha pediu propina de US$ 5 milhões.

O presidente da Câmara disse lhe causar estranheza o fato de a presidente Dilma Rousseff, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e o senador Delcído Amaral (PT) também serem citados por delatores e não serem objeto de abertura de inquérito. “Seletivamente, estão pegando as coisas do senhor Youssef (o doleiro Alberto Youssef) e colocando preferência”, disse. “Se fosse dar valor à declaração do Youssef, tinha que ter aberto inquérito contra a presidente Dilma, contra o ministro Mercadante”. Segundo Cunha, “falta gente naquela cadeia ainda”.

Cunha ainda não foi denunciado pela Procuradoria, mas disse preferir que isso logo acontecesse.

Para o peemedebista, Janot “está a serviço do governo”. Cunha apresentou documentos que, segundo ele, mostram que o governo está atuando no desarquivamento de inquéritos contra ele e promovendo uma “devassa fiscal” contra ele. “Há aí um ânimo persecutório”, afirmou. “É um constrangimento a um chefe de Poder”.

“A partir de hoje, me considero com rompimento pessoal com o governo”, disse. “Essa lama eu não vou aceitar estar junto dela”, disse Cunha. Ele disse que não conduzirá a presidência da Câmara como palanque, mas admitiu, por exemplo, que autorizará a instalação de CPIs que desgastam o governo, como a do BNDES e a dos fundos de pensão. Embora negue, Cunha deve promover a convocação de ministros petistas à CPI da Petrobrás. No entanto, ele negou estar fazendo uma declaração de guerra ao governo. “Não faço declaração de guerra a ninguém”.

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